Indústria de máquinas e equipamentos médicos mira prestação de serviços

DCI

 

Para driblar a retração econômica e a queda dos investimentos na área de saúde, fabricantes de máquinas e equipamentos hospitalares querem ampliar as receitas com prestação de serviços.

 

Executivos contam que, diante da perspectiva de vendas menores, a saída é oferecer aos clientes (clínicas, laboratórios e hospitais) a possibilidade de elevar a produtividade com os baixos recursos disponíveis hoje.

 

“A indústria está tendo de encontrar alternativas para seu modelo de negócios, pensando em soluções em termos de qualidade e produtividade, entendendo como hospitais e clínicas trabalham”, observa o presidente e CEO da General Electric (GE) Healthcare para América Latina, Daurio Speranzini Jr.

 

De acordo com ele, os estabelecimentos menores são mais afetados pela retração econômica, o que levou a companhia a desenvolver ferramentas específicas para ajudar na gestão desses negócios. A principal aposta, nesse sentido, são os softwares de gerenciamento.

 

“Os clientes de menor porte que tinham interesse em comprar sua primeira máquina postergaram essa decisão. Os consumidores maiores ainda compram, mas em volume menor”, conta.

 

Dados da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed) indicam que o setor encolheu 7,6% no último ano. E a recuperação não deve ser rápida, na opinião do diretor executivo de relações institucionais da Abimed, Aurimar Pinto.

 

“O governo representa praticamente metade do nosso mercado, então os cortes de investimentos públicos refletem diretamente no nosso negócio. Quando olhamos esses dados recentes percebemos que não dá para esperar reversões rápidas, isso não acontece em curto prazo. O cenário não irá mudar nem no segundo semestre deste ano”.

 

Apesar disso, Aurimar Pinto acredita que, com as mudanças na cena política, a confiança dos empresários está perto de ser retomada. “Estamos otimistas de que as mudanças políticas que estamos vivenciando resulte em retomada do crescimento. Por enquanto é uma fase de adaptação”, comentou o diretor da Abimed.

 

Enquanto espera uma melhora do cenário e da confiança dos investidores, a Siemens Healthineers também está direcionando seus esforços à prestação de serviços, revela o diretor da empresa, Armando Lopes. “Oferecemos não apenas os equipamentos, mas também os serviços”, diz.

 

Segundo ele, a companhia tem ofertado tecnologias que elevam a qualidade e a quantidade dos exames, melhoraram os resultados e aperfeiçoam em gestão dos negócios.

 

Lopes observa que a crise é o momento ideal para mostrar que o portfolio da empresa é capaz de maximizar retorno sobre os investimentos feitos.

 

“Ainda assim, se olharmos de uma forma geral, temos uma expectativa positiva para o segmento de saúde. O que existe no momento é uma precaução de quem precisa comprar equipamentos”, avalia.

 

Outra que tem mirado na prestação de serviços, com foco em gerenciamento, é a Philips. A empresa apresentou na Hospitalar, feira que reuniu fabricantes de produtos médico-hospitalares, esta semana, na capital paulista, uma ferramenta de suporte clínico que dá “conselhos” durante o fluxo de trabalho e um software que aumenta a produtividade nos diagnósticos de radiologia, priorizando a agilidade.

 

“Fizemos uma série de mudanças para prestar o melhor serviço para o cliente e reduzir custos operacionais”, comenta o vice-presidente de saúde para América Latina da Philips Healthcare, Daniel Mazon.

 

Ele revela que, desde o começo do ano passado, a companhia vem ajustando os contratos de manutenção a realidade econômica. “Boa parte das peças são importadas”, explica ele, se referindo aos custos de importação de componentes para reparação dos equipamentos vendidos.

 

Na contramão do setor, a Fanem buscou no mercado externo uma saída para a baixa demanda da área de saúde no Brasil, segundo o diretor executivo da empresa, Djalma Luiz Rodrigues.

 

“Estamos dedicando mais atenção ao mercado de fora enquanto cativamos o mercado interno com serviços. Trabalharemos no exterior enquanto o governo brasileiro não reage. Mas espero que os hospitais voltem a ter recursos para que a gente possa continuar sobrevivendo”, desabafa. (DCI/Ana Carolina Neira)