UOL Carros
A Toyota destacou em seu estande no Salão de Detroit 2016 a nova geração do Prius, que começa a ser vendida agora nos EUA; Brasil também recebe novo híbrido este ano, ainda importado – fabricação deve começar até 2018
Foram 673 unidades vendidas em 38 meses, média de 18 carros ao mês. Esse é o histórico oficial de emplacamentos do híbrido Toyota Prius no Brasil, de janeiro de 2013, quando a marca decidiu importá-lo do Japão para projetos de viabilidade e visibilidade no país, a março de 2016. Tudo promete mudar com a nova geração.
Em abril, segundo a Fenabrave (que reúne lojistas), foram 83 unidades. O motivo? O projeto cresceu: a marca quer vender a nova geração do Prius normalmente a pessoas físicas – até então, o foco esteve na entrega controlada a instituições e pessoas jurídicas – e emplacar uma cultura híbrida por aqui.
Segundo informações de fontes ligadas à Toyota, a nova geração do Prius (apresentada no Salão de Tóquio, em setembro de 2015) será lançada no Brasil em breve, no dia 6 de junho.
De fato, o Prius 4 já é visto rodando no Brasil. O site parceiro Carplace flagrou um pequeno comboio em testes os arredores da sede da Toyota, em São Bernardo do Campo (SP).
Há a possibilidade do inédito crossover C-HR (concorrente de Honda HR-V, Jeep Renegade e companhia) ser vendido também em versão híbrida no Brasil, além da versão equipada apenas com motor tradicional a combustão. Esta seria uma segunda etapa do projeto.
Além do Prius, o Brasil também recebe poucas unidades do Lexus CT 200h (que usa a base do Prius) e do sedã de luxo Fusion, que custa pouco mais de R$ 140 mil e emplacou 7.410 unidades em 2015 e mais 1.200 este ano.
Híbridos para todos
Com a disparidade crescente do real frente a moedas estrangeiras e preço ainda elevado de “carros verdes” no país, a Toyota negou interesse em fabricar o Prius localmente num futuro próximo – esperava-se o início da produção para 2018. Mas confirmou que vai “educar o consumidor” sobre as vantagens do híbrido.
“Estou no Brasil com este objetivo: trabalhar forte para educar consumidores, alunos e também os governos sobre benefícios da tecnologia híbrida”, afirmou Steve St. Angelo, homem-forte da Toyota do Brasil, ao ser questionado por UOL Carros na última semana, após abertura da fábrica de motores da marca.
Segundo o executivo, que também é presidente da marca para América Latina e Caribe, o mercado local está despreparado para a produção do Prius, daí a estratégia de seguir importando a nova geração. O volume vendido ainda seria pequeno e poucos saberiam aproveitar totalmente o carro, não justificando o custo da nacionalização.
Esta confirmação veio da base de Prius instalada no país nos últimos três anos, como carros de frotas de táxi em Juíz de Fora (MG), São Paulo e Sorocaba (SP), pela USP (Universidade de São Paulo), pelo Detran do Distrito Federal e para polícias de Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
“Fico preocupado com esta baixa aceitação pelo brasileiro da tecnologia híbrida, porque o motor a combustão vai morrer”, argumentou o executivo.
Além da preocupação ambiental, há ganho no orçamento doméstico, segundo St. Angelo. “O custo de manutenção do Prius ao longo da vida é menor que o de um carro comum equivalente. E o custo de revisão é exatamente o mesmo do sedã Corolla”, afirmou.
Há também economia no posto de combustível: o Prius atual é o carro mais econômico do país (18,9 na cidade e 17 km/l), segundo levantamento do Inmetro divulgado no final de abril.
Prius flex?
Com os planos de fabricação local, surgiram também rumores sobre o uso de motor a combustão bicombustível em conjunto com o gerador elétrico. A ideia para a nova geração não está descartada. Só que o problema de aceitação agora é da matriz da Toyota.
“Etanol ainda é um combustível pouco compreendido por nossa matriz, no Japão”, admitiu St. Angelo. “Mas essa também é parte do meu trabalho aqui e já montei equipe para desenvolvimento de híbridos com esta plataforma”, disse.
Segundo o executivo, é um trabalho de longo prazo, mas necessário, uma vez que a sustentabilidade é atual bandeira da Toyota. “É um caminho sem volta e o Brasil precisa acompanhá-lo. Na Noruega, por exemplo, 87% de nossas vendas são de modelos híbridos. Na Califórnia (EUA), até mais. Essa é a tendência global”.
Como ele é
Fabricado sobre a nova plataforma modular da Toyota (que também vai original o C-HR e a nova geração do Corolla), o novo Prius segue com motor 1.8 VVT-i de quatro cilindros, mas retrabalhado para gerar 96 cv e 14,5 kgfm de torque (gasolina), aliado a elétrico (recarregável por meio de bateria) de 72 cv e 16,6 kgfm.
No geral, a potência do sistema é de 122 cv, mas a Toyota afirma que o carro está 20% mais econômico, chegando a 40 km/l de consumo.
Também está mais seguro e tecnológico: (seis airbags, aços de maior rigidez, controle de cruzeiro adaptativo, sistema anti-colisão frontal, lateral e de detecção de pedestres, faróis automáticos com LED), ainda que o pacote para o Brasil não tenha sido confirmado. E mais espaçoso, já que agora é um sedã de fato e está mais comprido e largo.
Porém, há uma questão crucial: o carro inaugura nova linguagem visual da marca que deve gerar polêmica.
Por ter mais equipamentos, mas ser mais barato de produzir, espera-se que a Toyota mantenha os preços do atual modelo – entre R$ 111 mil e R$ 120 mil. (UOL Carros/Eugênio Augusto Brito)