O Estado de S. Paulo
Funcionários da Volvo, que fabrica caminhões e ônibus em Curitiba (PR), suspenderam a produção ontem em protesto contra a intenção da empresa de demitir 400 trabalhadores, de um total de 3,2 mil.
Na segundafeira, operários da Ford de São Bernardo do Campo (SP) também fizeram greve de 24 horas após a empresa informar que não pretende renovar a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE) e o layoff (suspensão de contratos de trabalho) ambos vencem em junho. A montadora informou ainda ter um excedente de 1.110 trabalhadores, de um total de 4 mil.
“Além das demissões, a Volvo quer que os trabalhadores abram mão até mesmo da reposição da inflação nos salários deste ano e de R$ 5 mil da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que ainda não tem valor definido”, disse o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba, Nelson Silva de Souza. No ano passado, foram pagos R$ 12 mil em PLR.
O sindicalista disse que os trabalhadores rejeitaram a proposta em assembleia ontem pela manhã e também querem que, se não tiver alternativa às demissões, que ao menos a empresa pague incentivos extras a quem for desligado. Hoje haverá nova assembleia e a paralisação pode ser mantida, disse Souza.
Em nota, a Volvo lamentou a paralisação de ontem “feita num período de grandes dificuldades da indústria automotiva brasileira e justamente quando a empresa vem buscando alternativas para minimizar os impactos da crise no setor”.
Já o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou que a Ford pretende revisar cláusulas econômicas do acordo coletivo, como alterações na tabela salarial e na PLR e congelamento de salários.
“Não dá pra aceitar uma negociação sem contrapartida, que rebaixa direitos, conquistas e condições de trabalho que tanto lutamos para conseguir”, disse o presidente da entidade, Rafael Marques. Ele defende a renovação do PPE e do layoff, mecanismos adotados em períodos de crise.
A Ford apenas informou, em nota, que “está em negociação com o sindicato para tratar da significativa queda no volume de produção da indústria automotiva e os consequentes impactos na força de trabalho da empresa.”
A MercedesBenz e a Volkswagen, ambas de São Bernardo, também afirmam ter, respectivamente, 2 mil e 1.060 trabalhadores excedentes. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)