O Estado de S. Paulo
Nos últimos 12 meses, as montadoras demitiram 11,2 mil trabalhadores, sendo 1,4 mil neste ano. Atualmente há 36,5 mil funcionários no Programa de Proteção ao Emprego (PPE), com jornada e salários reduzidos e outros 6,3 mil em layoff (contratos suspensos), o equivalente a 32% da mão de obra do setor, de 128,4 mil pessoas.
“Vai chegar um momento em que parte desse pessoal afastado será demitido”, admite João Morais, economista da Tendências Consultoria, especializado no setor automotivo.
Segundo ele, mesmo que comece a ocorrer uma recuperação do mercado no próximo ano, vai levar ao menos uma década para que o setor volte a operar com níveis mais elevados de sua capacidade produtiva.
As montadoras, de acordo com cálculos da Tendências, têm capacidade para produzir cerca de 4,5 milhões de veículos e, este ano, deve produzir metade disso.
“A indústria automobilística brasileira atingiu vendas de 3,8 milhões de veículos muito cedo, em 2012, mas foi um crescimento sem bases consistentes, ancorada no crédito fácil e no aumento da renda sem crescimento da produtividade”, avalia Morais.
Em sua opinião, o mercado vai demorar a recuperar esses níveis e as fabricantes devem continuar operando com ociosidade por algum tempo.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, uma alternativa é o mercado externo. “As empresas devem ser mais agressivas nas exportações – buscando mercados novos – e na nacionalização de componentes”. De janeiro a abril, as exportações cresceram 24,3% ante igual período de 2015, para 136,3 mil veículos, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)