Mercado de ônibus volta ao patamar de 1994

DCI

 

Sem a renovação de frotas importantes como a do município de São Paulo, o segmento de ônibus retrocedeu aos patamares de 1994. O problema se soma à queda generalizada do mercado e o ano para fabricantes pode ser ainda pior do que o esperado.

 

“A indústria atravessa um momento dramático. No último mês, não chegamos a emplacar mil ônibus no País”, afirmou nesta quinta-feira (05) o vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos de Moraes.

 

O dirigente explicou que as licitações de ônibus dos municípios estão paradas, inclusive em São Paulo, a maior praça do País.

 

“É provável que não ocorram mais certames neste ano, principalmente devido à proximidade das eleições”.

 

No entanto, o problema não se restringe à área de ônibus. Em caminhões, a produção continua extremamente baixa e, com isso, a ociosidade atinge quase 80% nas montadoras.

 

Dirigentes da Anfavea pontuam que as montadoras precisam discutir com o governo e sindicatos medidas de flexibilização da mão de obra.

 

Segundo estimativas da entidade, hoje cerca de 30% da força de trabalho das montadoras estão em sistema de flexibilidade do emprego, que inclui o Programa de Proteção ao Emprego (PPE) e suspensão temporária do contrato de trabalho (layoff), entre outros.

 

“Ainda assim, o nível de estoques está muito acima do desejado”, declara o presidente da Anfavea, Antonio Megale. O setor encerrou o mês de abril com 46 dias de estoques, dois a menos do que em março.

 

O único negócio que segue em alta são as exportações, que em abril tiveram crescimento de 26,3% na comparação anual, para 37,8 mil unidades. No acumulado de janeiro até abril, houve aumento de 24,3% das vendas ao exterior, para 136,3 mil unidades.

 

Perspectivas

 

Apesar de sinais consistentes de que as vendas de veículos devem cair mais do que o projetado no início do ano, o presidente da Anfavea afirmou que, por ora, a entidade não vai refazer as previsões.

 

“A volatilidade no cenário político é grande e, embora saibamos que é necessária uma revisão das projeções, não vamos alterar os números agora”, detalhou Megale.

 

Na última terça-feira (03), a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) revisou a sua projeção de emplacamentos para o ano de uma queda de 4% para um recuo de 20%.

 

Megale salientou que, independentemente do presidente em exercício, o governo precisa de medidas claras que tragam de volta a confiança para a economia brasileira.

 

“Caso isso aconteça, poderemos ver sinais consistentes de recuperação já a partir do final deste ano e do início de 2017”, ponderou. “O que setor realmente espera é a continuidade das políticas industriais”, complementa Megale. (DCI/Juliana Estigarríbia)