UOL Carros
Céu sempre cinza, sol em forma de borrão amarelo, ar pesado, boca seca e olhos ardentes. São todos sintomas comuns da poluição alarmante nas grandes metrópoles da China. As fabricantes nacionais já despertaram para o problema e mostraram alternativas “verdes” para carros no Salão de Pequim.
Para lidar com o problema da poluição, as autoridades locais têm adotado medidas extremas. Em Pequim, a capital de 22 milhões de habitantes, é comum o estímulo a vendas de máscaras e purificadores de ar, e até à adoção de toques de recolher durante períodos de estiagem.
Com a situação à beira do insustentável, porém, o governo criou uma meta ambiciosa e pesada para a indústria até 2020: reduzir em até 3 milhões de toneladas o índice de poluentes emitidos por veículos e indústrias.
Para isso, quer ver ao menos 500 mil carros elétricos e híbridos, de mais de 20 modelos, em circulação até lá.
UOL Carros constatou que praticamente todas as marcas chinesas expuseram conceitos ou configurações definitivas de modelos elétricos e híbridos na mostra.
Carrinhos conhecidos dos brasileiros, como JAC J2, Chery QQ e Lifan 320, ganharam versões ecologicamente corretas.
Entre as estrangeiras a adesão é mais tímida, mas tende a crescer – o estande da Tesla era um dos mais procurados do evento.
O que há de novo
Algumas marcas globais estão mais firmes no propósito. É o caso da Toyota, com Corolla Hybrid, Mirai e nova geração do Prius.
Da BMW, vê-se o Série 7 híbrido e a linha i de elétricos e híbridos exclusivos. A Citroën exibiu versões elétricas do sedã Elyseè e do utilitário conceitual Méhari.
Até da Volkswagen, que precisa limpar a imagem após o escândalo do dieselgate, apostou no protótipo híbrido T-Prime Concept GTE (que antecipa a nova geração do Touareg).
Estrutura
Para colocar o plano em ação, além de carros verdes, será preciso investir em estrutura. Até 2020 o governo chinês espera implantar no mínimo 500 postos de recarga nas cidades mais populosas do país.
Além disso, há ideias ousadas como a de estradas equipadas com faixas capazes de recarregar baterias por indução.
“Outra possível aposta é em modelos dotados de baterias portáteis. Em vez de recarregá-las por conta, o dono do carro faria a troca das baterias por outras já prontas para uso. Com isso seria possível controlar as recargas dessas baterias, para que tenham maior vida útil”, afirmou Mu Gang, presidente global da Lifan.
Tudo isso prova de que os chineses acordaram de vez para o problema. Agora é esperar para ver se as soluções surtirão os efeitos desejados, e se os moradores das megalópoles voltarão a ver sol e nuvens de verdade em seu céu. (UOL Carros/Leonardo Felix)