Jornal do Carro
Junto da automação dos carros, motivada pela segurança viária, os estudos sobre novos combustíveis dominam os centros de pesquisas de montadoras e empresas de energia. O desafio é criar uma fonte renovável que possa ser utilizada em larga escala no mundo, a fim de diminuir as emissões de poluentes. Para o cientista chefe da Shell, Wolfgang Warnecke, a resposta está no ar.
A empresa trabalha em uma tecnologia que retira o dióxido de carbono do ar e o incorpora à molécula de hidrogênio proveniente do refinamento do diesel para produzir hidrocarbonetos usados como combustível. Além de limpar a atmosfera de gases que aumentam o efeito estufa, essa técnica permite um valor relativamente baixo de produção.
Nos testes preliminares, o custo deste novo combustível ficou em cerca de US$ 3 (aproximadamente R$ 10,5) por litro, o que poderia ser reduzido em até 70% se fosse feito em larga escala. A Shell ainda não realizou testes para produção em massa do combustível, mas, de acordo com o cientista, como são usados processos abundantes no mundo e uma captação relativamente simples, ao fim dos estudos esse será o menor dos problemas.
Sobre os motores elétricos como alternativa para a redução das emissões por carros, Warnecke afirmou que isso depende de como a energia é feita. Para ele, se um país como a França investe em elétricos, a balança é positiva, pois lá se usa como base a energia nucelar, que não polui o ar.
Porém, se a mesma decisão for tomada pela China, o mundo teria um problema, pois praticamente toda energia consumida no país asiático é termoelétrica, vinda de usinas que usam carvão – nocivo para as vias aéreas da população.
O alto custo e baixa autonomia das baterias elétricas também são apontados como um entrave pelo cientista. Porém, novas experiências como a Gigafactory, que entra em operação este ano para ser a maior fábrica de baterias do mundo, são apontadas como solução. Isso porque a empresa se propõe a otimizar processos produtivos do componente para reduzir custos.
Segundo o cientista da Shell, outra vantagem do hidrogênio é poder mover carros elétricos, como já ocorre com Toyota Mirai e Honda FCX.
Há dois anos, um estudo da empresa concluiu que carros a combustão interna só estarão no mercado até 2070. No entanto, a Shell acredita que, durante a transição para o hidrogênio, o uso de gás natural e eletricidade irão crescer, mas, ao menos até 2035, a maioria dos carros ainda vai usar combustíveis à base de petróleo.
No Brasil. O País foi alvo de muitas visitas de Wolfgang Warnecke, nos últimos anos. Para ele, um rumo precisa ser adotado por aqui, já que a matriz energética principal, o etanol, não se tornou uma commodity internacional. Por isso, os investimentos no avanço desse combustível ficam escassos. Mas como a energia do País é basicamente hidrelétrica, o carro elétrico pode ser um bom caminho.
O governo já sinalizou um avanço nessa área com a extinção de alguns impostos de importação dos elétricos, mas é preciso mais incentivos e a aposta em mais locais de recarga.
Hoje, na cidade de São Paulo tem poucos postos. O ponto mais central para se carregar um veículo elétrico é no Shopping Patio Paulista, na Avenida 13 de Maio. (Jornal do Carro)