Recuperação do Brasil deve demorar, diz secretária de Comércio dos EUA

Folha de S. Paulo

 

A crise no Brasil é um exemplo dos danos que a corrupção pode causar a um país, afirmou a secretária de Comércio dos EUA, Penny Pritzker.

 

Para ela, a volta da estabilidade será lenta. “É uma situação muito desafiadora. O Brasil é um país extremamente importante para a região, mas a sensação é que levará tempo para virar a página”, disse Pritzker em conferência do Conselho das Américas realizada na sede do Departamento de Estado.

 

“Estamos vendo as implicações que a corrupção pode ter para um país em tão pouco tempo. É desestabilizador”.

 

Ao falar dos movimentos e parcerias comerciais na região, ela disse que o Mercosul está no lado protecionista e fechado, em contraste com países que estão se abrindo com novas iniciativas. Segundo ela, há poucas oportunidades de interagir com os países do bloco.

 

“Há duas visões concorrentes. Uma é a da abertura econômica”, disse ela dando como exemplo a Parceria Transpacífico (acordo comercial entre EUA e outros 11 países) e o novo governo argentino. “A outra é uma postura mais protecionista, isso se reflete no Mercosul”, disse.

 

Se o momento é de apreensão com o Brasil, é de otimismo em relação à Argentina, disse Pritzker. Ela ressaltou o “simbolismo” da viagem do presidente Barack Obama nos primeiros cem dias de Mauricio Macri na presidência e elogiou o compromisso de seu governo com a retomada da economia, citando o controle dos gastos federais, a unificação da taxa de câmbio e os cortes nos subsídios à eletricidade como ações positivas.

 

“Eles tem o potencial de desempenhar um papel de liderança, especialmente num momento em que alguns dos vizinhos estão tendo muitos problemas. O que o presidente Macri fez é admirável. Nós estabelecemos um diálogo regular entre EUA e Argentina”, afirmou a secretária.

 

“Certamente do ponto de vista comercial nosso compromisso é com os países que estão abraçando uma postura mais aberta. Com aqueles que escolheram uma atitude mais protecionista não há muitas oportunidades para fazer mais”.

 

A secretária de Comércio americana também fez uma alusão crítica ao magnata Donald Trump, que lidera a corrida presidencial republicana com ataques constantes aos acordos comerciais assinados pelos EUA.

 

“O comércio é um imperativo. Não podemos dizer que vamos erguer cercas ao redor do país e achar que isso é suficiente”, disse. “O isolamento nunca funcionou na história e vai funcionar menos ainda num mundo em que todos estão conectados”.

 

A conferência foi aberta com um discurso da Rpberta Jacobson, secretária­assistente do Departamento de Estado americano. Ela fez comentários sobre vários países, como Argentina Chile e México, mas nada disse sobre o Brasil. (Folha de S. Paulo/Marcelo Ninio)