O Estado de S. Paulo
A General Motors (GM) decidiu desligar 300 funcionários da fábrica de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, após o fim do período de layoff (suspensão temporária de contratos) no último sábado. A informação é do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, que vai levar o caso para a Justiça trabalhista. A empresa tem cerca de 3,5 mil funcionários em Gravataí, onde produz os modelos Prisma e o Onix este segundo foi o líder de vendas no País em 2015, com 125,9 mil unidades comercializadas.
Em novembro do ano passado, os funcionários da (GM) em Gravataí aprovaram proposta da montadora para que 825 pessoas fossem colocadas em layoff por cinco meses, de 1º de dezembro a 30 de abril. A medida resultou no encerramento do terceiro turno de trabalho.
Ao longo dos meses seguintes, parte dos colaboradores foi chamada de volta para atuar nos outros turnos. No fim da semana passada, no entanto, a companhia notificou o sindicato de que 300 pessoas seriam demitidas.
Em nota enviada ao Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, a GM reforçou que, em dezembro de 2015, durante o período do acordo de layoff, mais da metade dos empregados retornou ao trabalho em Gravataí. A empresa também salientou que “a esperada recuperação do mercado, infelizmente, não aconteceu” e que “houve queda de mais de 26% nas vendas da indústria apenas nos primeiros 4 meses de 2016”.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari, disse que os trabalhadores estão sendo comunicados da demissão por telegrama. Ele alega que os motivos da montadora para justificar os desligamentos são inconsistentes. Segundo Ascari, no primeiro trimestre deste ano a unidade de Gravataí apresentou reação nas vendas, com a comercialização de 32.337 unidades de Onix e Prisma, ante 27.480 unidades vendidas no mesmo período de 2015. “O sindicato buscou, em todo o período de layoff, dialogar com a montadora e viabilizar uma solução para os trabalhadores que estavam fora”, relatou.
Ascari conta que não chegou a discutir com a empresa uma possível extensão do período do layoff, recurso que vem sendo adotado em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, para evitar demissões. “A expectativa era de que todos os funcionários fossem chamados de volta ao trabalho”, afirmou. De acordo com o sindicato, os ajustes efetuados pela montadora em Gravataí nos últimos 12 meses já seriam suficientes para a manutenção do quadro atual.
A partir de agora, conforme Ascari, a estratégia para tentar reverter os desligamentos passa inevitavelmente pela esfera jurídica. A entidade está elaborando um plano de ação para recorrer ao Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região. (O Estado de S. Paulo/Gabriela Lara)