DCI
Mesmo com o mercado em queda livre, o setor de máquinas e implementos espera por um novo aporte na linha de crédito agrícola do governo federal, em torno de R$ 2 bilhões, ainda nesta semana para garantir que haverá recurso disponível ao produtor até o final da safra 2015/2016.
Para representantes do segmento, o movimento do dólar e a colheita recorde podem colaborar em uma manutenção ou possível recuperação do comércio de máquinas no decorrer do ano, evitando maiores perdas. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), só no primeiro bimestre as vendas internas acumulam baixa de 44,6%.
Durante evento de lançamento da maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, a Agrishow, ontem (30), o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, disse que o capital para um remanejamento de recursos para o Programa de Modernização da Frota Agrícola (Moderfrota) viria de outras duas linhas subutilizadas, uma para silos de armazenagem e outra para agricultura de médio porte. No início da temporada foram destinados R$ 10 bilhões ao programa pelo Plano Safra.
O novo volume “seria o suficiente para chegar ao fim do ano-safra. Estamos assegurados pelo governo de que não faltarão recursos à principal linha de crédito de máquinas agrícolas”, afirma Pastoriza a jornalistas.
A Agrishow, realizada no mês de abril, é um dos principais termômetros sobre o desempenho do mercado e o apetite de investimentos no campo. No ano passado, o evento registrou sua primeira retração após 22 edições, com a queda de 30% no volume de negócios. Mesmo assim, o faturamento ficou em R$ 1,9 bilhão, número que deve se repetir neste ano.
“Sabemos que dificuldades virão, mas sabemos como atuar para alcançar os melhores resultados”, ressalta o presidente da feira e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio Meirelles.
O presidente de honra do evento e usineiro, Maurílio Biagi Filho, acredita que se o desempenho de 2015 for replicado já será algo muito positivo, considerada a crise econômica na qual o País está. “Avançar 5% que seja [na feira], representaria apenas uma recuperação. Os 30% perdidos não devem vir esse ano, mas temos um conjunto de culturas indo bem que movimentarão este mercado mais pra frente”, comenta ao DCI.
O vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Francisco Matturro, acrescentou que embora as commodities agrícolas estejam em baixa no mundo, o câmbio se encarregou de corrigir potenciais perdas ao Brasil. “O produtor brasileiro está capitalizado e está ganhando dinheiro. Colheu safra cheia e a bons preços”, justifica.
Questionados sobre o futuro da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, os executivos optaram por não se posicionar. (DCI/Nayara Figueiredo)