Folha de S. Paulo
O alemão Matthias Müller, presidente mundial do grupo Volkswagen, encara o maior desafio de sua carreira. Ele assumiu o cargo há seis meses, em meio ao escândalo dos motores a diesel. A montadora havia instalado um software que fraudava os testes de laboratório os carros emitiam menos poluentes nas avaliações do que no uso real.
O executivo falou à Folha sobre a estratégia de recuperação da marca.
Folha: O senhor assumiu o comando da VW em meio a uma das maiores crises da história do grupo. Qual é o caminho para recuperar a imagem?
Matthias Müller: O primeiro passo foi prestar contas dos nossos erros e solucionar os problemas. O que houve foi uma ferida na ética, que precisa ser curada. Até abril deste ano, queremos divulgar um relatório final sobre o que aconteceu, e estamos fazendo um recall na Europa.
Este processo de retomada inclui uma nova unidade com nome enigmático, a diretoria de digitalização. O que a empresa pretende fazer?
Essa divisão está sob o controle do engenheiro alemão Johann Jungwirth. Sua ambição é transformar uma fabricante de veículos em uma prestadora de mobilidade. Não queremos ser conhecidos apenas como fornecedores de um hardware, que é o carro em si. Temos de mostrar os valores da nossa marca, trabalhar e ajudar a reinventar o segmento automotivo.
Como chegar lá?
Estamos alinhando a VW à era digital, e nossa meta será reinventar o modo como as pessoas usam seus veículos. Entre quatro e seis anos, queremos ter carros autônomos mais seguros e menos poluentes. Em vez de adaptarmos as soluções tecnológicas para os automóveis, queremos ser nós mesmos os provedores. Investimos em centros de desenvolvimento na Alemanha e nos EUA, no Vale do Silício (Califórnia). Estaremos presentes também na China. (Folha de S. Paulo/Fernando Valeika de Barros)