Fullpower
Em 1898, surgiu nos Estados Unidos o Columbia, o primeiro carro que podia ser equipado com faróis elétricos. Antes dele, os veículos iluminavam a estrada com lamparinas alimentadas por acetileno. A inovação chamou atenção na época, mas demandava certos cuidados. Os frágeis filamentos se rompiam com o trepidar do piso e os dínamos não davam conta da corrente necessária. A tecnologia desde então foi evoluindo rápido, das lâmpadas incandescentes ao Xenôn. Até chegarmos ao Led, que é algo comum nos carros de hoje. O futuro, ao que tudo indica, é o uso do laser. Ele já pode ser encontrado, como opcional, no farol do Audi R8.
Enquanto o laser não chega aos carros populares, é preciso cuidar bem dos faróis convencionais. Para todo lado que se olhe, é comum ver carros circulando com essa peça danificada ou aspecto ruim, passando a impressão de que se trata de um veículo mais velho do que realmente é. O que faz muita gente persistir em utilizar um carro que transmite desleixo, e que pode até mesmo ser perigoso na condução noturna, são os elevados preços destes componentes – que no caso dos carros importados, chegam a custar pequenas fortunas. Mas nem tudo está perdido. Há profissionais especializados não só na revitalização e restauração deste importante componente, como também em sua customização, tornando-os não só mais eficientes como bem mais bonitos, e o melhor, a um custo bastante acessível. Um deles é o engenheiro Leonardo Mazzotti, especialista no assunto e proprietário da Lantech. Segundo ele, a maioria dos faróis pode ser reparada a um custo bastante inferior ao de uma peça nova original.
O serviço mais solicitado na Lantech é o polimento da lente plástica do farol. Com ele, é possível eliminar a cor amarelada que não só da à peça o aspecto de velha, como reduz em até 60% sua eficiência. Segundo Leonardo, esse inconveniente acontece em grande parte dos carros, principalmente nos faróis mais protuberantes em relação à carroceria. Ele explica que a sujeira impregnada por um longo período e produtos abrasivos utilizados na lavagem podem contribuir para um envelhecimento precoce das lentes. Isso causa a queima do verniz que envolve as lentes.
E é justamente a raspagem do verniz velho a primeira etapa da restauração. Em seguida vem o polimento da lente e a aplicação de uma nova camada de verniz. O preço é razoável, custa a partir de R$ 30 por peça e leva um dia para ficar pronto. Portanto, falta de grana e disponibilidade de ficar sem o carro não são mais desculpas para rodar por aí com o farol de calhambeque abandonado.
Não se preocupe se o seu problema estiver na carcaça dos faróis ou das lanternas. Ao sofrerem impacto, elas podem rachar ou quebrar nos pontos de fixação. Segundo o Leonardo da Lantech, essas partes podem ser soldadas e até mesmo substituídas. No entanto, não é todo o estrago que pode ser remediado. “Quanto mais torcida a peça, maior a chance de uma futura infiltração de água”, adverte o engenheiro. “Só realizo reparos em que posso garantir a qualidade do trabalho. Por isso, há casos em que sugiro a troca da peça ao invés do conserto”.
Para quem quer ir além da revitalização, há a possibilidade de customizar os faróis. O serviço pode melhorar o visual e a eficácia da iluminação. A prática tem se tornado cada vez mais comum entre os fãs das carangas modificadas. Quando perguntado sobre qual dentre as customizações é a mais procurada em sua loja, Leonardo não pestanejou em responder: máscara negra com pintura do refletor no estilo Euro. Para quem está por fora, nós traduzimos… Trata-se de pintar de preto parte do farol, deixando apenas o refletor óptico com aspecto cromado, que posteriormente recebe a coloração amarelada ou alaranjada para se enquadrar no estilo Euro.
Esse tipo de customização leva este nome justamente por ter surgido no velho continente, a Europa. O processo para fazê-lo é relativamente fácil. O farol é aberto e toda a cola que une a lente a sua base é retirada. O passo seguinte é a pintura do defletor em preto fosco, obviamente tendo cuidado para que ela não atinja o refletor ótico, que por sua vez receberá uma espécie de verniz em tom amarelado ou alaranjado. Para que esta mudança não comprometa a eficiência do farol, é preciso ficar atento à transparência da cor escolhida, já que ela não pode reduzir a reflexão da luminosidade gerada pela lâmpada, reduzindo assim o facho de luz e seu foco. O tempo necessário para este trabalho é, em média, de dois dias. O custo parte de R$ 300.
Mas os horizontes para quem busca personalizar os faróis de um carro vão além da máscara negra e do Euro Look. O “retrofit”, que é a instalação de projetores de xenôn no lugar do foco do farol, ganha, a cada dia, mais admiradores. Este sistema, similar ao de carros da Mercedes-Bens, BMW e Audi, não só oferece um visual bem mais arrojado, como é nitidamente mais eficiente que os faróis convencionais. Isso porque seu foco é mais definido, potente e ainda tem a vantagem de não ofuscar os carros que circulam na direção contrária. Como em toda modificação, é preciso ter certos cuidados. Segundo Leonardo, há no mercado projetores de origem chinesa que são bem mais baratos, mas, são nitidamente inferiores aos componentes americanos.
O top da customização é mudar por completo o farol, mantendo apenas a carcaça e a lente. Nestes casos, os refletores são substituídos pelos projetores retrofit com xenôn, e instaladas LED em formato de aro – os famosos “angel eyes” utilizados nas BMW. O toque final são as barras de LED contínuo, que também podem ter a função de setas. Com tudo isso, a iluminação é melhorada e o visual passa a ser o mesmo das naves mais nervosas. Se você pensa em dar a sua caranga este presente, é preciso ter em mente que o serviço leva de quatro a cinco dias para ser realizado. A quantia a ser investida é bem respeitável, parte de R$ 1.500. Em alguns anos, quem sabe, a gente vai poder comprar faróis com laser para os carros populares. LED, então, vai ser comum nas ruas do futuro. (Fullpower/Laner Azevedo)