Foton começará a produzir em janeiro em área alugada no Rio Grande do Sul

Jornal do Comércio

 

Os dirigentes da Foton Aumark do Brasil informaram ontem, em Porto Alegre, que a montagem de modelos da marca chinesa começará em uma linha industrial alugada no Estado a partir de janeiro de 2016. A previsão é de produzir cerca de 100 unidades de 10 toneladas ao mês, voltadas ao mercado de transporte urbano. Plataformas de montagem de caminhões da Agrale, em Caxias do Sul, e da MWM, em Canoas, seriam as alternativas em estudo, disse o presidente do Conselho de Administração da Foton Aumark, Luiz Carlos Mendonça de Barros, que se reuniu com dirigentes do Sindicato de Comércio de Veículos (Sincodiv-RS). A construção da sede definitiva será em Guaíba, em 100 hectares do terreno que foi destinado à Ford no fim dos anos 1990.

 

As obras de implantação eram previstas para começar no primeiro semestre deste ano, mas atrasaram, pois precisa ocorrer a liberação da escritura do imóvel em nome da Aumark, a ser feita pelo Estado. Outro problema é a indefinição sobre o repasse do financiamento de R$ 60 milhões do BNDES, por meio do Banrisul. Barros disse ainda que a operação não vai mais contar com aporte de capital público (o Estado teria parte do capital, acerto feito, em 2013, para vencer a disputa pelo empreendimento com o Rio de Janeiro). A participação na empresa privada foi autorizada pela Assembleia Legislativa, a pedido do governo Tarso Genro. “Não vamos mais precisar”, disse o dirigente, ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso. A resolução ainda não foi oficializada ao governo Sartori. A crise fiscal estadual é a razão para a desistência, segundo os empreendedores. O valor poderia chegar a R$ 40 milhões.

 

A montagem em área de terceiros cumprirá exigência do programa Inovar-Auto para nacionalizar os veículos. A Aumark teve redução do imposto sobre importação, desde que instalasse unidade no País. Os empreendedores importaram 1,8 mil unidades entre 3,5 e 10 toneladas, que já ingressaram, a maior parte, pelo porto do Rio Grande.

 

A Agrale disse desconhecer a opção, citando que as duas operações são concorrentes em segmentos de caminhões na faixa de 10 toneladas. Para a Foton, a opção da Serra gaúcha poderia ser ativada com maior rapidez. A Agrale já montou unidades para a International.

 

O primeiro modelo da marca chinesa a ser montado no Estado é de 10 toneladas. A previsão é de índice de 73% de nacionalização. O Inovar-Auto prevê pelos menos 55%. O presidente do Conselho de Administração projetou agora, para o fim de 2016, a produção em Guaíba, com investimento total de R$ 120 milhões. A demora na liberação do crédito pelo BNDES é ligada à redução do caixa da instituição devido ao ajuste fiscal. “A operação já foi enquadrada. Não temos plano B”, avisou Barros, que confia na contratação. Ele citou que a recente aproximação entre Brasil e China, com interesse em investimentos em infraestrutura, reforça o interesse na operação.

 

O novo patamar do câmbio, com dólar acima de R$ 4,00, deve antecipar a meta de exportar modelos montados no Rio Grande do Sul para a América Latina. Hoje, a Foton chinesa traz da sede as unidades que rodam em países da região. A Colômbia capta 30% das vendas. Barros espera que o fluxo possa ocorrer em 2017, pois precisará elevar a produção para abastecer os mercados interno e externo. Segundo o executivo, o custo para montar no Brasil é de US$ 20 mil; em 2011, o valor era de US$ 40 mil. “Na China, o mesmo modelo é produzido a US$ 20,5 mil, portanto, estamos mais competitivos”, confronta o presidente do conselho da Foton. Barros espera taxa cambial abaixo de R$ 4,00 e diz que a condição irá recompor o mercado a setores da indústria automotiva. “O Rio Grande do Sul tem de acordar para isso, pois teremos muito trabalho pela frente”. (Jornal do Comércio)