MAN vê recuperação de vendas de caminhões em 2016 e lança pacote “anticrise”

Reuters

 

A maior fabricante de caminhões do Brasil, a MAN, do grupo Volkswagen, espera que as vendas de caminhões do mercado brasileiro no próximo ano cresçam, mas para um patamar ainda longe dos níveis alcançados em anos recentes, afirmou o presidente da companhia para América Latina, Roberto Cortes, nesta quarta-feira.

 

A expectativa da companhia para 2015 é que o Brasil registre vendas de 75 mil caminhões novos, que se confirmada representará uma queda de 45% sobre 2014, que por sua vez já tinha amargado queda de 11% sobre 2013.

 

“Acho difícil as vendas caírem mais que este ano. Devem chegar a 100 mil unidades ano que vem, o que ainda é muito longe de 2014”, disse Cortes. “Espero que já tenhamos atingido o fundo do poço.”

 

O executivo apresentou nesta quarta-feira uma nova modalidade de venda de caminhões novos, parte de um “pacote anticrise” que inclui versões mais baratas de modelos já comercializados pela montadora.

 

Em caráter experimental, a MAN apresentou um programa de leasing operacional apoiado pelo Banco Volkswagen. Pelo modelo, o cliente poderá usufruir de determinados modelos extra pesados de caminhões da marca, mas em vez de ficar com a posse do bem, e todas as suas obrigações e despesas, paga uma mensalidade. Ao final do contrato, poderá comprar o veículo a preços de mercado ou devolver o caminhão ao banco e fazer um novo contrato de leasing.

 

Segundo a MAN, a modalidade tem custo 30% menor do que o programa federal de financiamento Finame, que teve juros ampliados diante do agravamento da situação fiscal do governo.

 

A expectativa é viabilizar com essa modalidade a venda de 400 caminhões extra pesados no prazo de 6 a 8 meses. A empresa poderá expandir o programa a outros modelos a depender dos resultados. De janeiro a agosto, as vendas de caminhões pesados da MAN no Brasil somaram 1.400 unidades, uma queda de quase 60% sobre o mesmo período do ano passado.

 

“Os lançamentos de hoje são uma reação à crise”, disse Cortes. “A instabilidade política não pode durar mais tempo. É ela que está reduzindo a confiança dos empresários para investir. Não pode durar mais tempo porque isso é insuportável”, disse o executivo durante a apresentação dos produtos.

 

A companhia afirmou que a MAN é a primeira montadora do Brasil a oferecer leasing operacional, instrumento popular entre usuários de caminhões na Europa e Estados Unidos. O diretor comercial da MAN Latin America, Ricardo Alouche, afirmou que a modalidade poderá acabar concorrendo com empresas que trabalham com aluguel de frotas de veículos comerciais, como a JSL.

 

Cortes afirmou que a MAN Latin America mantém plano de investir 1 bilhão de reais entre 2012 e 2016, apesar do cenário de crise econômica, que deve se estender também para o próximo ano, segundo avaliação de economistas.

 

Nessa linha, a empresa optou por “dar mais foco” em segmentos do mercado de caminhões que têm mais volume de vendas, como caminhões com capacidade para 5 a 11 toneladas, que representam 35% do mercado total; 17 a 24 toneladas, que somam 29% de participação; e caminhões pesados (cavalos mecânicos) que equivalem a 20%. (Reuters/Alberto Alerigi Jr.)