Folha de S. Paulo
Terceira maior revendedora de caminhões no país, a Volvo aposta na tecnologia para frear a queda nas vendas, num mercado que encolheu 43%, em 2015, em comparação com o ano passado.
“É algo que pode fazer uma grande diferença para o cliente, em termos de economia e de eficiência”, diz o diretor mundial de serviços conectados da Volvo Caminhões, o sueco Michael Gudmunds.
O executivo esteve no Brasil na semana passada para um seminário sobre conectividade. Destacou o uso da tecnologia já existente nos caminhões e visitou clientes para falar sobre suas vantagens.
“As pessoas podem ficar relutantes a algo novo em tempos de crise, mas essa também é uma grande oportunidade para começar a ser mais eficiente”, afirmou, em entrevista à Folha.
Com fábrica no Paraná, a Volvo viu suas vendas caírem 55% neste ano em relação ao ano passado. Três meses atrás, fechou o segundo turno, pouco depois de encerrar o terceiro, que havia sido implantado em 2011.
Executivos admitem que estão em “compasso de espera”, mas veem na tecnologia um trunfo: se os clientes não pretendem expandir a frota por um tempo, podem renovála, aproveitando os benefícios dos novos caminhões.
Hoje, os veículos da Volvo saem de fábrica com um sistema que memoriza informações sobre a topografia da estrada, para gerenciar as trocas de marcha de forma eficiente. A tecnologia promete uma economia de até 3% no combustível.
Um outro equipamento gera relatórios sobre a performance de cada motorista, incluindo dados sobre consumo de diesel, e permite checar sua localização.
O veículo também pode ser conectado a aplicativos de celulares, que fornecem informações sobre os insumos em tempo real.
Futuro
Há outras tecnologias “no forno”: na Europa, os caminhões já trocam informações entre si. Se um motorista faz uma rota pela primeira vez, por exemplo, pode se alimentar dos dados de outro caminhão a fim de planejar o melhor itinerário. Na estrada, também pode saber de bloqueios ou acidentes adiante.
A pretensão, porém, é ainda maior: Gudmunds diz que o caminhão vai se conectar a armazéns, portos, ferrovias e fábricas, criando uma rede de informações logísticas.
A previsão, segundo ele, é que isso se torne realidade no Brasil a partir de 2020.
Mesmo com a crise?, pergunta a repórter. “O Brasil tem uma boa estrutura de negócios, grandes consumidores, grandes indústrias. E essas tecnologias são implantadas em escala global”, diz.
Para ele, até 2030 diversos modais estarão conectados e compartilhando informação num ambiente colaborativo – o que pode ajudar tanto as empresas quanto o setor público a identificarem lacunas logísticas e melhorarem sua produtividade.
Tecnologia contra a crise
– Caminhões têm sistemas de topografia e geolocalização que podem gerar economia
Leitura da topografia
– O caminhão lê e memoriza informações sobre a topografia da estrada, para gerenciar as trocas de marcha de forma eficiente e poupar combustível
Computador de bordo
– O caminhão é conectado a aplicativos de celular que fornecem informações em tempo real sobre nível de combustível, óleo e outros insumos, facilitando manutenção e segurança
Controle da frota
– Sistema gera relatórios sobre a performance de cada motorista ou viagem, incluindo dados sobre consumo de diesel. Também permite acompanhar a localização dos caminhões em tempo real
– 3% é a economia de combustível prometida
(Folha de S. Paulo/Estelita Hass Carazzai)