O Estado de S. Paulo
A economia brasileira deverá iniciar sua recuperação no segundo semestre do ano que vem, com crescimento mais alto e sustentável, afirmou nesta segundafeira, 31, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. A declaração foi dada em discurso durante a primeira edição do Encontro Estratégico de Lideranças do Setor Automotivo, em São Paulo.
Para isso, Moan defende o retorno da confiança do setor produtivo. “Essa crise de pessimismo é um crime contra o Brasil”, disse. “Se pegarmos as previsões do boletim Focus, teremos uma queda do PIB de 2,0% em 2015 e um recuo de 0,25% em 2016. Isso já é uma retomada da curva de crescimento. É com esse cenário que precisamos trabalhar. Não podemos deixar que esse clima de mal estar se desenvolva”, acrescentou.
Em relação ao setor automotivo, Moan aposta que a chave da recuperação a longo prazo está na taxa de motorização do Brasil, que, segundo ele, é uma das mais baixas do mundo, de 4,5 habitantes por veículo. “A da Europa ocidental é de 2 habitantes por veículo, a dos Estados Unidos é de 1,5. Portanto, nós temos, a longo prazo, um enorme potencial de crescimento do mercado”, sustentou.
Para alcançar esse mercado em potencial, o presidente da Anfavea disse que o caminho são as cidades do interior. “As pessoas me perguntam onde vou colocar tanto carro. Mas veja só. A cidade de São Paulo, com seus 10 milhões de habitantes, já tem uma taxa de 2 habitantes por veículo, mas as cidades do interior, não. Nos últimos 10 anos, São Paulo teve um crescimento de 6% da sua frota, mas a média do Brasil é de 56% e a média das cidades com até 5 mil habitantes é de 142%”, afirmou.
De olho no curto prazo, Moan declarou que a Anfavea tem preparado um conjunto de medidas para apresentar ao governo. “São medidas que não vão afetar o ajuste fiscal, porque sabemos que o ajuste fiscal é necessário”, disse, sem detalhar o teor dessas ações.
Autopeças
A indústria de autopeças do Brasil deverá apresentar faturamento de US$ 19,5 bilhões em 2015 e de US$ 18,2 bilhões em 2016, segundo o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori.
A previsão para 2016 representa uma queda de 6,6% ante a estimativa para este ano e um recuo de 52,2% contra o resultado de 2013, de US$ 40,6 bilhões.
Para Butori, a piora se deve a fatores conjunturais difíceis, listados em sua apresentação: crise política e econômica, PIB negativo, crise de água e de energia, forte abalo dos níveis de confiança dos investidores e dos consumidores, alta nos níveis de desemprego e endividamento, e altas taxas de inflação e de juros.
“Diante disso, não estamos otimistas para 2016, que será um ano ainda de crise bastante acentuada”, disse. Como resultado da crise, Butori disse que o setor reduziu o número de empregados de 220 mil em 2013 para 165 mil em 2015. “São 55 mil pessoas com salário Segundo semestre terá crescimento médio elevado, bem treinados, e com filhos para sustentar”, lamentou, acrescentando que o aumento do desemprego afeta o consumo. (O Estado de S. Paulo/André Ítalo Rocha)