Comércio varejista recua 0,1% em maio

O Estado de S. Paulo  

 

Apesar do arrefecimento da inflação e da liberação de recursos de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), as vendas do comércio varejista ficaram estagnadas de abril para maio. O volume vendido caiu 0,1%, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

“Os ajustes ainda em curso do mercado de trabalho seguem como importante vetor limitador de uma retomada mais forte da demanda. De todo modo, reconhecemos também que há outros fatores como a desinflação dos preços de alimentos, a melhora da confiança, a queda da taxa de juros, os resgates das contas inativas do FGTS, entre outros, que deverão favorecer a melhora do consumo, especialmente no curto prazo”, avaliou a equipe do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, comandada pelo economista-chefe, Fernando Honorato Barbosa.

 

O varejo ainda tem um longo caminho a percorrer para recuperar as perdas acumuladas nos últimos dois anos. Por enquanto, o cenário atual é de estabilidade, segundo Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.

 

As vendas estão 10,1% abaixo do pico de novembro de 2014. No varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, o volume vendido encolheu 0,7% em maio ante abril, e está 19,4% inferior ao ponto mais alto, alcançado em outubro de 2012.

 

A retomada do varejo passa pela recuperação do mercado de trabalho, uma vez que a taxa de desemprego ainda está em patamar muito elevado, diz Isabella. A perda de benefícios decorrente da extinção de vagas com carteira assinada também prejudica o poder aquisitivo das famílias. “Essa conjuntura de inflação mais controlada traz benefícios para a renda real. Porém, o consumo depende de outros fatores. A queda no número de postos de trabalho com carteira ainda é muito acentuada, o que traz perda para trabalhadores no que diz respeito a vale transporte, plano de saúde, auxílio alimentação”, justificou a pesquisadora do IBGE.

 

O total de trabalhadores com carteira assinada recuou 1,4% no trimestre encerrado em maio ante o trimestre terminado em fevereiro. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim e Thaís Barcellos)