Borba, como é conhecido pelos tantos colegas e amigos, trabalhou 43 anos na Dana. Passou por diversas áreas, mas no RH fez história. Leva consigo boas memórias e gratidão. São recíprocas.
Nascido em Porto Alegre, ele conta que foi uma vizinha que trabalhava na recepção da empresa que o avisou de uma possível vaga. “Eu estava iniciando o Ensino Médio e era uma época em que queria começar a ajudar financeiramente em casa, então foi uma grande oportunidade pra eu começar como office-boy na então Racine no turno inverso da escola”, diz. O ano era 1979 e Borba lembra de se adaptar rapidamente à sua nova rotina. “Como era tudo novo em minha vida, ia empolgado trabalhar, queria aprender tudo o que pudesse sobre a empresa e não via a hora de entrar na empresa todos os dias”, lembra, aos risos.
Durante 1 ano, essa foi sua função na empresa, até que ele teve que fazer uma cirurgia de apêndice. Mas esse período foi suficiente para que ele deixasse uma marca duradoura na empresa: logo depois, Borba foi convidado a retornar ao trabalho. Dessa vez, em uma nova função: no Almoxarifado de material de expediente. “Eu cuidava dos formulários internos, das cópias, do estoque de material… Lembrando que, nessa época, era tudo feito manualmente, uma outra realidade”, diz.
Borba ficou cerca de 1 ano nessa função, até ser realocado para o Recebimento, onde emitia as notas fiscais de entrada de toda a empresa. Tudo para ele era aprendizado. Como ele já havia terminado o Ensino Médio nesta época – cursava o Técnico em Contabilidade – somava mais habilidades ao seu currículo. “No final de 1982 surgiu, então, um convite para ir trabalhar no Departamento de Recursos Humanos para fazer o controle do cartão ponto, outro sistema que era absolutamente manual e muito diferente do que usamos hoje. Eu fazia esse controle da apuração das horas diárias e também os lançamentos para pagamentos de acordo com isso”, diz. Cheio de disposição e movido a desafios, começou a aprender também sobre rescisões, fundo de garantia e tudo que dizia respeito ao departamento. Começou também a se familiarizar com a digitação feita no antigo Centro de Processamento de Dados – mais conhecido como CPD.
Logo tornou-se responsável por recrutamento e seleção para todas as vagas da Albarus na unidade de Cachoeirinha, fossem elas administrativas ou operacionais. “Todo o time foi maravilhoso comigo, me acolheram e ensinaram muito para que eu pudesse entender a espinha dorsal do funcionamento de um departamento de recursos humanos, que é o diálogo entre as partes envolvidas”, conta. Um pouco depois, a matriz da Dana, que funcionava ainda em Porto Alegre, traçou uma nova política de cargos e salários e Borba foi o responsável pela sua implantação na Unidade de Cachoeirinha. “Fiquei cerca de 3 anos nessa função e assumi a parte de treinamento e desenvolvimento de toda a fábrica por mais 1 ano e meio, um período de trabalho intenso em que fazia toda a aprovação do plano de treinamento dos colaboradores e, depois, fazia o acompanhamento mensal deste plano”.
Em 1988, um novo desafio o esperava: Borba foi convidado a mudar-se com a família para São Paulo. A recém-adquirida fábrica em Piracicaba, que fabricava Cilindros Hidráulicos, precisava ser montada. “Eu tinha apenas 24 anos, já era casado com Nara e tinha meu filho Rafael, então, representava uma mudança grande em minha vida – além do que, agora, eu seria oficialmente responsável por toda a gestão do RH em uma unidade de aproximadamente 220 pessoas”, afirma.
No início, como era de se esperar, nem tudo foram flores. A fábrica que foi comprada era muito antiga e os departamentos funcionavam nas casas da vizinhança do bairro. “O principal projeto era construir uma fábrica nova no Distrito Industrial da Cidade e minha missão era preparar e treinar todas as pessoas que lá atuariam. Também precisávamos implantar o sistema 5S – e tudo isso enquanto a fábrica ainda estivesse produzindo e sendo transferida ao mesmo tempo”, relata. A operação foi um sucesso e contou com o empenho de um time motivado que fez acontecer no prazo certo.
Nesse meio tempo, Borba foi pai novamente – de Rodrigo, seu segundo filho. A família aumentou e, logo, viria o convite para retornar ao Sul do Brasil. “Eu fui convidado para retornar para fábrica de Cachoeirinha. E, em 1994, voltamos ao Sul, com uma acolhida especial”, diz.
Mas o desafio também seria em dobro: em Piracicaba, Borba cuidava da unidade que já contava com 300 colaboradores. Em Cachoeirinha, ia trabalhar com o dobro disso: 600 colaboradores. Foi mais um período com grandes oportunidades e desafios.
Borba logo iria para uma função bastante estratégica da empresa: a Dana havia decidido migrar o sistema do RH saindo do Mainframe e passando a operar com o sistema na plataforma Oracle, que até hoje está em vigência na empresa. “Era preciso migrar todo o sistema de gestão e planejamento para o novo sistema – era uma responsabilidade imensa e fizemos tudo com o maior cuidado pois poderia haver um impacto grande na folha de pagamento dos empregados. O projeto envolvia todas as unidades do Brasil, mas iniciamos com Porto Alegre, Cachoeirinha e Gravataí. Contava com uma equipe enxuta que envolvia um representante do RH de cada uma das localidades. Depois de muita preparação, começamos o projeto em 1995 e foi concluído com sucesso”, afirma.
No ano seguinte, 1996, o mesmo processo foi implementado nas demais fábricas da Dana no Brasil – mais notadamente, São Paulo e Paraná. “Minha vida, então, era viajar, porque era um projeto bastante delicado, que requeria muito envolvimento”, conta. Depois de mais uma vez vencer o desafio imposto, já em Porto Alegre, no time do RH da Corporação que era responsável pela política de benefícios e de cargos e salários. Até que, em 2000, uma nova virada: Borba foi convidado à se transferir para a fábrica de Gravataí como Coordenador de Recursos Humanos sendo responsável pelos processos do RH Suporte e Segurança Patrimonial.
O desafio era imenso – a fábrica era a maior da Dana no Brasil e Borba a assumiu em um período de transição bastante intenso – e também de crescimento. “Claro que encontrei alguma resistência, é natural pois as pessoas não me conheciam, mas aos poucos tudo foi se acertando quando viram que trabalhávamos pelo mesmo bem comum: o crescimento da Dana”.
Em 2005, por uma decisão global da Dana, decidiu-se que a parte transacional de Recursos Humanos seria terceirizada. “Começamos, então, o mapeamento destes processos junto à IBM e fui convidado para ser coordenador num projeto que durou 2 anos e 3 meses. Eu respondia para a IBM e para a Dana também”, explica. Com a chegada do Chapter 11, o projeto foi colocado em standby e Borba retornaria como líder de gestão dos processos do RH Suporte, Folha de pagamento e Segurança Patrimonial para todas as unidades da Dana no Brasil
Em 2015 assumiu como Gerente de Recursos Humanos do Brasil acumulando também os processos de Relações Sindicais e Medicina do Trabalho.
Borba liderava um “dream team” que era, como ele, motivado por desafios. “A Dana sempre foi uma escola, um desejo de muita gente, quem estava fora dela queria trabalhar ali e sabíamos da importância de fazer nosso trabalho da melhor maneira – construímos uma trajetória muito bacana juntos”, resume. E, depois de 43 anos e 4 meses de muita dedicação, era a hora de se aposentar – mas não sem antes passar por um último grande desafio: a adaptação da empresa aos protocolos de segurança e prevenção da COVID-19, que assolou o mundo todo. “Era tudo muito desconhecido, um desafio imenso para todos nós”.
E o que ficou de todos estes anos de Dana? “Muita gratidão. Vivi uma vida inteira dentro da Dana, construí muitas coisas, tive um imenso aprendizado e uma troca recíproca! Não me arrependo de nada do que fiz e tive a sensação de que cada um ali dava o seu melhor pela empresa”, conclui.
Hoje, Borba e sua esposa Nara curtem a companhia dos filhos e o xodó Vittório, o netinho de 3 anos, adoram viajar e curtir as praias de Santa Catarina.