Tudo começou quando Fátima ainda trabalhava em outra empresa e descobriu que vários dos seus colegas estavam indo para a Dana – na época, ainda conhecida como Albarus. Fátima estava então com 34 anos e o ano era 1994, e ela ficou curiosa para investigar o que tinha de tão bom naquela empresa para tanta gente querer trabalhar lá. “Foi então que, conversando com as pessoas, descobri que a Dana pagava curso técnico para quem quisesse trabalhar em um novo setor da empresa. Era meu sonho ter um curso técnico, então comecei a me candidatar para entrar na Dana assim que soube disso”, lembra.
E não pense que Fátima desistiu na primeira dificuldade – ao todo, foram 11 vezes em que ela se candidatou. “Eu tinha dentro de mim a certeza de que conseguiria e, em novembro de 1994, um temporal destelhou todo o Almoxarifado da Divisão de Cardans. A partir disso, a empresa teve que contratar novos funcionários em caráter emergencial – foi quando lembraram que eu tinha me candidatado 11 vezes para entrar na empresa. A insistência valeu a pena pois me chamaram”, lembra. Ela contou que foi contratada como temporária em novembro daquele ano e que a empresa sempre deixou claro de que eram vagas temporárias – “mas eu lembro que eu afirmei pra mim mesma que, se Deus tinha me levado até lá, era porque eu iria ficar mais”, conta. Mas nunca imaginaria que seriam mais de 25 anos de carreira na mesma empresa!
O que aconteceu em seguida a sua contratação como temporária foi que Fátima resolveu se destacar mostrando como era séria no trabalho e também como essa oportunidade era valiosa pra ela. “Muitas pessoas não levaram muito a sério a oportunidade, por ser algo temporário, mas eu me apliquei ao máximo para conseguir uma vaga como colaboradora fixa na Albarus”, lembra. O resultado? Passaram-se 30 dias, e Fátima foi convidada para ser colaboradora temporária na Divisão de Anéis. E, passado mais um mês, foi contratada pela empresa como colaboradora. “Meu chefe na Fundição era o seu Luis e ele perguntou se eu aceitaria o desafio, mesmo sendo um serviço pesado – e eu agarrei a oportunidade com todas as forças”, diz.
Fátima trabalhou na Fundição durante 9 meses e passou pelo setor de Montagem. Dessa época, inclusive, guarda um orgulho de uma conquista: foi a primeira mulher a fazer curso para operadora de empilhadeira na Dana. “Em 1997 a Montagem precisava de um operador de empilhadeira e resolvi fazer o curso na cara e coragem para que não dependêssemos do pessoal do Almoxarifado”, conta ela ao lembrar da conquista inédita.
Ela conta que, ainda nessa época, os engenheiros Jorge Ricardo Silva e o Fernando Nogueira viram na colaboradora um imenso potencial e começaram a incentivá-la a fazer um curso técnico. “Isso foi o empurrão que eu precisava e rapidamente quis me matricular, mas não havia decidido qual curso fazer. Entrou na minha sala um técnico de segurança, o Luis Carlos, um grande amigo, pra me cobrar algo sobre EPIs. Nunca vou esquecer, me deu o estalo na hora. Decidi que iria entrar na segurança e desenvolver algo específico para as colaboradoras mulheres”.
Ao final do curso, em junho de 1998, chegou a hora de fazer o estágio e Fátima aproveitou as férias coletivas da Divisão de Anéis. Falou com Marcelo Jardim, ele aceitou e iniciou uma paixão que durou a vida toda com o departamento de Segurança do Trabalho. “Na época, foi um desempenho tão marcante que, 4 meses depois, o Marcelo Jardim me chamou para trabalhar lá na Divisão cuidando da Segurança da fábrica”, lembra. Em 1998, Fátima começou sua carreira como Técnica em Segurança e ocupou esta posição até 2021, quando saiu da empresa.
Em maio de 99, Fátima conta que foi efetivada depois de um período de 7 meses como auxiliar técnica de segurança e, desde o primeiro momento, buscou inovações dentro da área de Segurança Industrial. “O sapato que usávamos na época era bastante pesado para as mulheres, e conseguimos desenvolver algo que fosse mais leve para as operadoras, uma vivência que eu trouxe do meu tempo na fábrica”, conta. Outra conquista também foi desenvolver o creme de mão individual, projeto que ela criou com o apoio da Valéria Souza. “O resultado de nossos esforços para criar o creme de 200g foi algo tão marcante que acabou sendo implantado depois em diversas fábricas por todo o Rio Grande do Sul e acabamos até ganhando uma matéria na revista Proteção, que circula em todo o Estado”, diz.
Outro fato marcante de sua carreira foram as certificações conquistadas pela Dana ao longo de sua carreira. “A busca pelas certificações sempre foi algo que nos envolvia muito como colaboradores – eu lembro quando estavam implantando a ISO de 94 pra 95, me marcou muito”, diz. E, ao longo de seus mais de 25 anos de carreira, Fátima angariou muitas amizades – “como Segurança e Meio Ambiente sempre foram muito interligadas e, tive duas ótimas parcerias de trabalho, a Simone Nogueira e Sheila Castro, minhas amigas pessoais até hoje – e muitas outras pessoas marcaram a minha trajetória me auxiliando a crescer e aprender muito dentro da Dana”, resume.
E, ao longo de uma carreira tão longa, foram muitos os amigos que ela fez ao mesmo tempo em que desenvolvia-se profissionalmente. “Gostaria de ressaltar a convivência com a Maria Cristina técnica de Segurança – as nossas diferenças foram tão importantes para o crescimento uma da outra tanto profissional quanto pessoal – e também a convivência com todos os técnicos por suas particularidades. E, nos meus últimos anos, sob a Liderança do Fabrício Queiroz Gerente da PTG chegamos a marca de quase 3 anos sem acidentes, ele tem um jeito doce de fazer a gente se desenvolver e fazer a diferença”, diz.
Em 2017, Fátima se aposentou, mas decidiu seguir trabalhando na Dana. No ano seguinte, foi diagnosticada com um câncer de pâncreas e diz que nunca vai esquecer do apoio muito grande que recebeu da empresa. “Os meus colegas, amigos, o Dr. Paulo, todos foram muito empáticos e essenciais na minha caminhada para enfrentar isso, nunca vou esquecer”, diz.
No final, o saldo de tantos anos trabalhando na empresa não poderia ser mais positivo. “A Dana é a melhor empresa pra se trabalhar. Sou muito grata ao que tudo o que a empresa me deu. Foram 25 anos e 11 meses de doação da minha parte, mas ganhei muita coisa em troca com isso, tenho certeza de que foi uma relação muito bacana que desenvolvemos eu e a empresa”, conclui.
Casada com Luiz Gonçalves, Fátima hoje mora em Atlântida Sul com o marido e é mãe de Viviane e de André, que já lhe deram os netinhos Matheus, Eduarda, Ágata e Bernardo. E, agora, Fátima é bisavó da pequena Cecília, de 2 meses, seu xodó! Para relaxar, adora cuidar de plantas, caminhar na beira-mar e curtir a família sempre que possível – além de frequentar a Igreja e fazer sua faculdade de Teologia. “Olhando pra trás, o sentimento é um só: gratidão por tudo”, resume.