Jorge Schertel
Fez história no mercado de reposição, começou na Dana, passou por diversas áreas até chegar na antiga DVR e foi muito além.
Sua carreira de mais de 30 anos dentro da Dana iniciou em 23 de agosto de 1971 depois de uma conexão feita no tradicional Clube Jangadeiros de Porto Alegre. “Eu era velejador do Jangadeiros e entrei na PUC para estudar Administração de Empresas. Na época, José Carlos Bohrer e Ennio Moura Valle, executivos da Albarus, também ocupavam posições de destaque no clube e fui conversar com eles,” nos conta. A iniciativa do jovem rendeu a oportunidade de um estágio na Albarus em Porto Alegre, na rua Joaquim Silveira, região norte da cidade.
Jorge começou no Departamento de Acionistas no início de sua carreira na Albarus e 2 anos depois, foi promovido à posição de gerente do Departamento de Custos. “Foi um início de muito trabalho e dedicação até que, em 1979, fui promovido a Controller. Eu convertia os resultados da empresa para dólar e isso era feito à mão”, lembra.
Cerca de 1 ano depois, Jorge foi fazer um programa de estágio em várias unidades da empresa nos Estados Unidos. “Morei em Fort Wayne (Indiana), onde fazíamos os Eixos Diferenciais, e em Toledo (Ohio) onde era a sede da Dana”.
Nessa época, estavam aparecendo nos Estados Unidos, os primeiros “microcomputadores pessoais”. Jorge se interessou pelo assunto e comprou um recém-lançado computador pessoal: o Osborne 1, que tinha uma tela de 5 polegadas! Usava disquetes e a capacidade de cálculos e memória eram limitados quando comparado com os dias de hoje, mas naquela época foi um marco tecnológico.
Jorge retornou ao Brasil como Gerente de Sistemas para liderar a implementação do novo sistema de gestão de manufatura da IBM na empresa. “Implantamos o COPICS, um sistema de MRP, uma tecnologia que trouxe um momento disruptivo na empresa”, diz. O MRP é um sistema de planejamento e cálculos utilizados para controlar as quantidades de todos os componentes necessários para manufatura. “Hoje, existem sistemas muito mais modernos, como o SAP, Oracle etc., mas o COPICS foi o início e foi implantado graças ao envolvimento e dedicação de uma equipe multidisciplinar de colaboradores fantástica (vendas, manufatura, engenharia, contabilidade, recursos humanos…)”, lembra.
Em 1985 Jorge foi convidado para trabalhar no Mercado de Reposição por Victor Pinto Vieira, que liderava o time de Vendas deste mercado. Tivemos que mudar para São Paulo, onde estava a maioria dos clientes. “Lembro de pegar um mapa da cidade e começar a pesquisar um lugar para morar e, por sugestão do Paulo Regner, o ideal seria próximo ao aeroporto de Congonhas”, trazendo mobilidade para os deslocamentos – sempre uma questão importante em São Paulo. A adaptação – como toda mudança de cidade – para São Paulo foi complicada no início – Jorge e sua esposa Sagi já tinham seus 2 filhos nessa época – André tinha 5 anos e Felipe tinha 2.
Como parte do seu desenvolvimento profissional e pessoal e para ter experiência no mercado da Reposição, passou a trabalhar na Pellegrino, tradicional distribuidora de autopeças do mercado, grande cliente e que também era uma empresa da Dana-Albarus. Chegou a posição de Vice-presidente. “Acabei ficando por 7 anos na Pelegrino, antes de retornar para a Dana”.“Foi uma época maravilhosa, de muito aprendizado e, em que fiz bastante amizade no mercado, distribuidores (futuros clientes) e fabricantes de autopeças. Faço questão de lembrar que meu período na Pellegrino foi uma grande escola, onde aprendi muito sobre Reposição” afirma.
Em 1992, Jorge retorna à Dana onde assume liderança da Area de Reposição. Nesse período, a Dana global começou a dar mais foco ao mercado de Reposição (Aftermarket). A partir daí, “o meu sonho passou a ser, ajudar a Dana Brasil a crescer e se tornar um líder no mercado de Aftermarket brasileiro”, explica.
Jorge conta que, quando ainda estava na Pellegrino, “se apaixonou” pela Nakata, uma fabricante de autopeças para o mercado de Reposição. No final dos anos 1990, como parte dos movimentos de crescimento da Dana, a tradicional empresa familiar foi comprada. Jorge conta que participou das primeiras conversas com os representantes da família, especialmente o sr. Hitiro Nakata. “Lembro também da aquisição da Echlin em 1998, e, nessa época devido a importância e ao crescimento da área, a Reposição da Dana Brasil passou a reportar diretamente aos Estados Unidos”, relata.
Outro movimento marcante aconteceu em 2004, quando a Dana mudou seu posicionamento em relação ao mercado de Reposição e vendeu estas operações globais de Aftermaket para um fundo de investimentos. Uma nova empresa independente foi estabelecida e a venda, promoção e suporte dos produtos da marca Spicer passou a ser feita por essa empresa, tendo Jorge como líder de um grande time, tanto em número de pessoas, como em conhecimento de produto e mercado. Como parte deste movimento, foram vendidas a fábrica de amortecedores em Diadema e a marca Nakata. “Continuamos vendendo os produtos de reposição da Dana – mas, dessa vez, como clientes”, diz.
Em 2015, como parte de um movimento global dos acionistas acontece um novo movimento de venda da empresa. Jorge, em conjunto com 5 grandes clientes (distribuidores), compraram as operações no Brasil. “Adotamos a marca Nakata também para o nome da empresa, iniciando um novo ciclo de crescimento, sedimentando a marca e empresa como uma das forças no mercado de Reposição brasileiro.” Esta posição de destaque rendeu uma nova e importante página na história da empresa em 2020, quando a Fras-le, tradicional fabricante de freios do grupo Randon, compra a empresa, coroando o trabalho de todos e iniciando um novo capítulo. Jorge seguiu na empresa até a transição ser concluída em dezembro de 2021.
Jorge e a esposa Sagi, com quem é casado há 44 anos, moram em São Paulo e ele trabalha no escritório que montou perto de casa. Conta que adora visitar os netos Helena, de 5 anos, Laurinha, de 1, que moram em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e Gabriel, de 11 anos, e Daniel, de 6, que moram em Melbourne, na Austrália. Além de visitar os netos, viajar, velejar e pescar na região do Pantanal, sempre que pode, são seus prazeres.
Dos seus 33 anos de Dana, fica a sensação de ter construído com os colegas um verdadeiro legado. “A empresa sempre teve princípios e valores muito sólidos, moral e boas práticas – unidos, estes fatores fazem diferença na companhia como um todo. Sempre falo que cheguei aonde cheguei em minha carreira, devido a colaboração das pessoas com que trabalhei. Ao longo dos anos, a Dana se tornou uma das empresas mais cobiçadas do mercado para se trabalhar e tenho orgulho por tantos anos de carreira, fomentando esses valores e solidificando-os através de dedicação, humildade e muito trabalho”, diz.