Parceria ZEBRA promete acelerar eletrificação na América Latina

Frota & Cia

 

A grande maioria das novidades anunciadas na Lat.Bus 2024 foram voltadas para eletrificação da frota de ônibus no Brasil. Quase todas as montadoras atualizaram ou lançaram seu modelo elétricos. Sinal de uma movimentação do mercado e do poder público em busca desse tipo de tecnologia.

 

Ainda que não tenha andado muito rapidamente, esse cenário começou a surgir na década passada. Em 2018 São Paulo publicou a Lei do Clima, onde se comprometeu a descarbonizar sua frota em 20 anos. Alguns meses antes, em 2017, cidades como Medellin (Colômbia), Santiago (Chile) e Cidade do México (México), também assinaram uma declaração de ruas verdes saudáveis. Nesse contexto, em 2019, surgiu a parceria ZEBRA (Zero Emission Bus Rapid Acelerration), uma colaboração entre o ICCT (Centro de Conselho Internacional de Transporte Limpo) e o C40 Cities (uma união entre os prefeitos de todas as principais cidades da América Latina).

 

Thomas MaltesseDurante a última edição da Lat.Bus 2024, Thomas Maltese, gerente Sênior da Parceria ZEBRA, explicou sobre a criação o projeto e comentou como acontece, na prática, o trabalho. “Isso surgiu para ajudar, de forma customizada, as cidades no processo de eletrificação. No começo, lá em 2020, trabalhamos em paralelo com as industrias, para assegurar que houvesse essa oferta de tecnologia. Criamos uma rede de fabricantes para mostrar as cidades que temos essa tecnologia. Agora, atuamos para entender quais são os gargalos técnicos e financeiros e propor soluções para isso nas cidades”.

 

E-Bus Radar

 

Além de fazer essa ponte, através de eventos como seminários, a Parceria ZEBRA produz o E-Bus Radar, um banco de dados que mapeia toda a cena elétrica na América Latina. Um guia completo com informações do portfólio de produtos, números ônibus atualmente nas ruas, quais cidades já têm e quantificar as emissões evitadas por esses veículos.

 

“Também criamos estudos de caso para contar quais soluções as cidades têm achado para o processo. O último publicado foi sobre o modelo de subvenção parcial de São Paulo”.

 

Atualmente o mercado de ônibus na América Latina é de 25 mil, movidos à diesel. Enquanto o de elétricos já atingiu mais de 5700 unidades (levantamento do E-Bus Radar leva em consideração também os trólebus). Segundo Thomas, a previsão é que cheguemos em 25 mil só de elétricos em 2030 e 55 mil em 2050. “Claro que são várias variáveis aí nessa conta, depende de muita coisa, como a ajuda do poder público”.

 

Eletrificação no futuro

 

O gerente da ZEBRA explica que o próximo passo da parceria é conseguir automatizar ainda mais o site para facilitar o contato do poder público com o fabricante. Assim, criando uma rede direta. “A gente recebe muito pedido de contato, então estamos trabalhando para agilizar isso.”

 

O Brasil é o país com mais cidades com frota de ônibus elétrico na América Latina e o movimento só cresce com respaldo do governo em várias capitais. E essa ajuda, sem dúvidas, faz diferença, já que o maior problema é o preço. Um ônibus elétrico chega a custar três vezes mais que um a diesel.

 

Entretanto, Thomas finaliza com otimismo e citando opções financeiras que têm surgido para sanar o problema do custo. “O mais importante é o planejamento. É preciso entender como as cidades estão pensando em viabilizar esse negócio. Cada uma vai de um jeito. São Paulo, por exemplo, optou pela subvenção parcial. Outras podem escolher algum modelo privado, tem o PAC que é o financiamento pelo BNDES”. (Frota & Cia/Victor Fagarassi)