O Estado de S. Paulo/Mobilidade
Desde o ano passado, um micro-ônibus sem motorista circula pelo pátio da siderúrgica ArcelorMittal Tubarão, no Espírito Santo. Trata-se de um protótipo autônomo da Volare, ainda em fase experimental, mas um ponto de partida para um futuro mais seguro. No presente, a tecnologia tem auxiliado motoristas a dirigir com segurança, respeitando normas de tráfego, em busca de redução de sinistros de trânsito. Numa segunda etapa, a máquina poderá assumir a direção.
O primeiro micro-ônibus autônomo da América Latina foi desenvolvido em parceria com a Lume Robotics, startup brasileira de mobilidade autônoma, com um modelo Volare Attack 8 para funcionar sem motorista. De acordo com a Volare, o modelo foi programado para operar na faixa ideal de eficiência, o que possibilita redução no consumo de combustível e na emissão de poluentes, e eleva a segurança.
Isso significa que, ao contrário do que ocorre atualmente nas ruas e estradas, o protótipo não excede velocidade e está programado para respeitar sinalização de trânsito. Iniciativas como essa têm a finalidade de, a longo prazo, reduzir sinistros de trânsito. Para chamar atenção sobre o tema, o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) realiza durante todo este mês o Movimento Maio Amarelo, que nesta edição tem como tema a pacificação.
Inteligente
Volare Attack 8 é dotado de software e sistema de navegação para definição de rotas. Ele é capaz de estabelecer comunicação com outros veículos (V2V, de veículo para veículo) e com a infraestrutura (V2I).
Embora o veículo 100% autônomo – que em tese reduziria muito os acidentes – ainda seja uma realidade distante mesmo em países desenvolvidos, sistemas de condução autônoma devem continuar a chegar aos poucos nos automóveis nacionais, não apenas por causa da concorrência entre fabricantes, mas por uma questão de regulamentação.
De acordo com Hilton Spiler, diretor de engenharia da divisão Vehicle Motion e responsável regional na Bosch pelo sistemas Adas (sistemas avançados de assistência ao motorista, na sigla em inglês), dispositivos como frenagem automática de emergência (AEB, na sigla em inglês) e aviso de saída de faixa (LDW, em inglês) fazem parte do Grupo A do programa Mover – Programa de Mobilidade Verde, sucessor do Rota 2030 –, em um pacote que inclui outros seis itens de segurança, e que serão requisitos obrigatórios em pouco tempo.
Entretanto, ainda falta regulamentação sobre o tema. Segundo Spiler, que também é diretor de Segurança Veicular da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), em média, essas tecnologias deverão estar em 50% da frota em 2025 e a 85% até 2030/31. Atualmente a frenagem automática está em cerca de 35% da frota, e o alerta de saída de faixa, em 28%.
Monitorando o motorista
Enquanto tecnologias mais sofisticadas não chegam em massa – o que muitas vezes depende de alteração na legislação, como é o caso da condução autônoma –, empresas têm utilizado o conhecimento para treinar motoristas.
Dados da nstech indicam que em 16% do tempo de uma viagem motoristas de caminhão cometem pelo menos um desvio crítico na condução. O estudo ainda aponta que 45% dos desvios cometidos por caminhoneiros são de mão fora do volante e que 44% dos casos são para manusear bebidas ou alimentos.
Desvios de conduta no volante podem levar a um número ainda maior de sinistros fatais: de acordo com relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2022, o Brasil é o país com o terceiro maior número de mortes no trânsito.
A empresa afirma que a tecnologia é aliada e pode salvar vidas. A Onisys, solução da nstech de prevenção de acidentes para embarcadores, transportadores e operadores logísticos, traz um software que monitora riscos de acidentes rodoviários por meio de inteligência artificial (IA), machine learning (aprendizado de máquina), videomonitoramento interno de cabines e análise de dados. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade)