Elétrico da Volkswagen só está disponível para assinatura

O Estado de S. Paulo/Mobilidade

 

A modalidade de assinatura está ganhando cada vez mais relevância entre as marcas. E um dos sinais mais evidentes disso é que, ao lançar no Brasil o SUV elétrico ID.4, em julho, a Volkswagen passou a oferecê-lo exclusivamente por assinatura. Em outras palavras, nem preço final ele tem. O modelo está disponível por mensalidades de R$ 9.990, com plano de 24 meses, por meio do programa da marca, batizado de Sign&Drive. Essa é a primeira vez que a montadora lança um automóvel sem colocá-lo à venda, mas disponível apenas para assinantes. Além de incluir todas as despesas acessórias (manutenção, seguro, documentação, logística de entrega, assistência 24 horas, gestão de multas e serviço de rastreador), o programa Sign&Drive – administrado pelo braço financeiro da empresa, o Volkswagen Financial Services – também prevê um carregador wallbox de 7,4 kW. O equipamento pode ser alugado por R$ 599 mensais, durante os 24 meses da assinatura, ou adquirido por R$ 7.649. Segundo a empresa, o preço já embute um desconto de 59%. Opcionalmente, a Volkswagen oferece ainda a opção de blindagem. Nesse caso, a mensalidade sobe para R$ 13.879. De acordo com a Volkswagen, a opção pelo modelo de assinatura, em vez da venda tradicional, foi tomada levando-se em conta “a realidade do consumidor atual de carros elétricos no Brasil”. Segundo a marca alemã, “a infraestrutura para ter um elétrico no País ainda é um desafio”. Assim, por trás da iniciativa da montadora, está a intenção de afastar do cliente qualquer temor de adquirir um bem de alto valor e ter de enfrentar dificuldades no dia a dia, o que poderia transformar a aquisição em motivo de frustração. A empresa não revela detalhes de como está sendo a adesão ao modelo, mas informa que o lote inicial do ID.4 é de 250 unidades, e que “os primeiros veículos já começaram a ser entregues aos clientes”, acrescentando que “ainda é muito cedo para um balanço”.

 

GWM ORA 03

 

A chinesa GWM também se prepara para estrear um programa de assinatura no Brasil. A marca, que acaba de apresentar o elétrico ORA 03 no País, pretende oferecer o modelo tanto para venda como por meio de assinatura. O compacto elétrico, que tem preço inicial de R$ 150 mil, está em regime de pré-venda. A expectativa da empresa é começar o faturamento a partir de novembro. Oswaldo Ramos, diretor comercial da marca chinesa, enumera algumas razões pelas quais a GWM acredita na modalidade de carro por assinatura no Brasil: “O público jovem está menos interessado na aquisição do bem; as altas taxas de juros dificultam ‘demais’ o financiamento tradicional para compra; e o capital empatado é muito grande, em relação à renda e ao patrimônio que as pessoas têm”. Por tudo isso, o executivo afirma que “sem dúvida alguma” carro por assinatura pode ser uma grande solução. Ramos adianta que a GWM está “bem avançada” nos estudos de lançar o programa de assinatura para o ORA 03. “Temos uma diretoria própria cuidando dessa estrutura”, garante, e informa que, até o fi naldo ano ou“no máximo” no primeiro semestre do ano que vem, o compacto elétrico estará disponível para assinatura. Isso significa que a modalidade chegará quase que simultaneamente coma aquisição tradicional.

 

“Disruptivo”

 

Embora não divulgue os detalhes do programa, Ramos garante que a GWM não deseja lançar um programa tradicional de assinatura. “A gente quer algo disruptivo, que seja vantajoso, que ‘feche a conta’ para o cliente, que faça sentido financeiro, e não só de conveniência”, diz. Segundo o executivo, ainda não é possível fazer uma estimativa sobre o porcentual de clientes que vão optar pela assinatura. No entanto, ele faz algumas considerações: “Se a pessoa tem dinheiro aplicado com baixa rentabilidade, ela vai preferir comprar. Mas, se precisa financiar e se tem outras prioridades para o uso do dinheiro ou prefere manter capital de giro, ele pode optar pela assinatura”. De acordo com Ramos, a empresa deve oferecer contratos de assinatura de curta duração, com 12 e 24 meses. O objetivo é que o cliente possa experimentar uma marca nova e afastar possíveis receios de ter um carro elétrico: “Muitas vezes (o cliente) tem medo do valor residual (desvalorização)”. Mas o executivo garante que, após a experiência inicial, muitos irão comprar o carro ou trocar por outro zero em um novo contrato de assinatura. “Para isso, a parcela tem de ser competitiva.” Embora o programa de assinatura deva começar com o ORA 03, por causa do perfil de público mais jovem, a intenção da GWM é ampliar a oferta também para o Haval H6 e para os próximos lançamentos da marca, garante o diretor comercial. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade/Hairton Ponciano Voz)