Carros elétricos chineses mostram força em salão antes dominado por alemães

O Estado de S. Paulo

 

Por muito tempo, a frase “fabricado na Alemanha” indicou tecnologia e design automotivos de ponta. Agora, porém, as montadoras alemãs estão ficando para trás na corrida global para produzir veículos elétricos, e executivos estão usando uma nova expressão para descrever a rapidez com que precisam recuperar o tempo perdido: “Velocidade chinesa”.

 

A frase reflete a rápida transformação da indústria automotiva do país asiático numa potência movida a bateria. Essa velocidade ficou evidente entre 5 e 10 deste mês, no Salão Internacional do Automóvel da Alemanha, o mais importante do mundo, em Munique, no qual as novatas da China roubaram a cena.

 

A BYD, montadora chinesa de carros elétricos que ultrapassou a Volkswagen e é a marca mais vendida da China neste ano, lançou um sedã, novo e elegante, e um utilitário-esportivo que ganharam os aplausos do público.

 

“Acho que os europeus estão petrificados com o desempenho dos chineses na Europa”, disse Matthias Schmidt, analista independente do mercado de carros elétricos.

 

O evento ocorreu em um momento delicado para a indústria automotiva alemã, a maior da Europa, e para a economia do país como um todo. Em junho, a produção da indústria automotiva diminuiu 3,5% em comparação com o mês anterior, afetando a produção industrial geral do país, que diminuiu 1,5%.

 

Mercado

 

Na China, a incapacidade de as montadoras alemãs suprirem a demanda crescente por veículos movidos a bateria criou uma oportunidade que as montadoras chinesas correram para aproveitar, produzindo carros elétricos acessíveis e atraentes que estão tomando conta do mercado doméstico.

 

A Volkswagen tenta se movimentar. No mês passado, ela anunciou que investiria US$ 700 milhões por uma participação de quase 5% na XPeng, uma startup chinesa que fabrica veículos elétricos, numa tentativa de ajudar a montadora a atender às demandas do mercado chinês. No entanto, agora as montadoras chinesas estão de olho na Europa, onde os carros movidos a gasolina serão proibidos em 12 anos.

 

“A Europa é um mercado estratégico para a BYD”, disse Michael Shu, diretor da BYD Europa. Segundo ele, no mês passado sua empresa se tornou a primeira montadora do mundo a comercializar 5 milhões de veículos totalmente elétricos ou híbridos. (O Estado de S. Paulo)