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A chegada das montadoras chinesas, sobretudo a BYD com o lançamento do Dolphin, começa a mostrar uma possibilidade real de avanço para a mobilidade elétrica no Brasil. O novo carro elétrico que vendeu mais de 1.000 unidades em menos de uma semana representou um marco para o segmento.
O impacto do lançamento fez com que outras montadoras revisassem os valores dos carros elétricos no país, começando pela JAC Motors, que baixou o preço do e-JS1 para R$ 139.990, uma diminuição de 4,11% ante ao valor anterior de R$ 145.990. Outro modelo que teve o preço reduzido foi o Caoa Chery iCar, que saiu de R$ 149.990 para R$ 139.990.
No entanto, esse é só o começo de uma mudança que deverá ter um impulso ainda mais forte com a chegada de outros modelos, a exemplo do GWM Ora 03, que começa a ser entregue em outubro e do BYD Seagull, previsto para 2024 com preço mais próximo dos R$ 100 mil e possibilidade de produção nacional.
Nesse cenário de diminuição de preços e com todos os aspectos positivos relacionados aos carros elétricos, uma das preocupações para os futuros usuários desse tipo de automóvel está na infraestrutura; principalmente a de recarga. Segundo Ricardo David, sócio diretor da Elev, empresa especializada em soluções para o segmento da eletromobilidade, existem alguns aspectos que precisam ser observados.
“Estamos vivendo uma real transformação no mercado nacional de elétricos, algo que pode ser explicado pela chegada da BYD e os incentivos, principalmente no Estado da Bahia. Com isso, outros setores precisam estar atentos e se adequar ao novo cenário”, afirmou o executivo.
Outro ponto apontado pelo especialista está nas parcerias, como o recente acordo entre a BYD e a 99, que irá adicionar 300 veículos elétricos à frota da empresa de transporte em São Paulo. É muito possível que no ano de 2024 possamos ter um grande aumento das vendas dos veículos eletrificados no país, principalmente quando observamos o cenário de aumento do número de veículos emplacados no país.
Os dados mais recentes da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) apontam que foram registrados 6.435 emplacamentos em maio deste, alcançando o maior recorde mensal de vendas de veículos leves eletrificados desde o início da contagem histórica.
Com esse cenário em mente, Ricardo David aponta cinco questões da infraestrutura que precisam ser resolvidas no país.
Condomínios: a infraestrutura necessária para a adaptação desses conjuntos habitacionais pode ser simples, mas necessita de um movimento por parte dos proprietários e síndicos dessas localidades.
Carregadores públicos e semipúblicos: o executivo aponta que os estabelecimentos que desejam optar por um carregador devem investir na variedade, considerando disponibilizar, concomitantemente aos serviços gratuitos, o carregamento privado e pago.
Mecânica e manutenção: o especialista afirma que a manutenção dos automóveis 100% eléctricos é de longe um problema para os utilizadores. Isso se deve pela quantidade de peças, que é menor do que a dos veículos a combustão, representando uma economia de até 70% na manutenção. Porém, o serviço mecânico deve se especializar no Brasil. Principalmente para se adequar a uma realidade com mais automóveis eletrificados em circulação.
Transporte de aplicativo: o fato da 99 ter investido significativamente em carros elétricos nos últimos anos não é uma fórmula vazia. A transformação da frota de automóveis a combustão e elétricos tem como objetivo diminuir os custos operacionais das empresas e proporcionar maior lucratividade para a empresa. O executivo, porém, aponta que esse movimento deve ser visto como uma oportunidade para os motoristas de aplicativo, como o Uber, Cabify, InDriver, Blablacar.
Ônibus e transporte público: recentemente, o Governo Federal esteve no ABC paulista para o lançamento da fábrica da Eletra, empresa que produzirá ônibus 100% nacionais. Além disso, a própria BYD já apontou que estará investindo no lançamento de automóveis voltados para o transporte público no Brasil. Com esse cenário, as cidades precisam se adaptar, principalmente considerando a necessidade de um diálogo profundo com a sociedade. (InsideEvs/Elev/Julio Cesar)