Indústria automobilística encara jornada da transição energética

O Estado de S. Paulo/Mobilidade

 

A descarbonização dos automóveis é um tema que vem sendo cada vez mais discutido por todos os elos da indústria: montadoras, empresas de infraestrutura para recarga, de energia, de compartilhamento de veículos e órgãos governamentais. Esse foi um dos aspectos tratados no painel “Como superar as barreiras da infraestrutura dos carros elétricos no Brasil”, realizado durante o Parque da Mobilidade Urbana.

 

João Irineu, vice-presidente de assuntos regulatórios da Stellantis para a América do Sul, reforçou a importância da preparação, o quanto antes, da cadeia envolvida na produção dos automóveis. “Ações de descarbonização passam por discussões amplas, envolvendo todo o País. E a transição precisa ser bem planejada, pois nosso objetivo é fazer aqui esse carro”, afirmou, anunciando o desejo de a montadora ter produção local dos elétricos e híbridos.

 

Metas

 

De acordo com ele, a Stellantis tem como meta atingir a descarbonização completa do seu ciclo produtivo até 2038. Mesmo com a maior frota atual de elétricos, com sete modelos, a empresa acredita que o caminho para superar os gargalos atuais de infraestrutura passa por uma transição gradual, combinando etanol e eletrificação, estratégia que no Brasil foi batizada de Bio-Electro. A empresa contempla, também, o uso do biometano, aproveitando o posicionamento que o País tem de grande produtor global.

 

Já Paulo Maisonnave, responsável pela Enel X Way Brasil, destacou alguns dos obstáculos que a empresa enfrentou em seu primeiro ano de atuação no Brasil. “Nós oferecemos soluções de valor agregado para cidades, com infraestrutura de mobilidade pública elétrica para pessoas e empresas”, disse.

 

De acordo com ele, foram entregues, nesse período, 5 mil carregadores, entre venda e aluguel. “Além, obviamente, do desenvolvimento da infraestrutura, que afeta o ecossistema completo, outro grande desafio é a capacitação de todos os envolvidos”, afirmou.

 

Maisonnave reforçou a missão da empresa de facilitar a transformação tecnológica nos centros urbanos, por meio do fornecimento de estações de recarga, e, para empresas, de um ecossistema personalizado e preparado para expansão de soluções de recarga inteligentes.

 

Além disso, a estratégia também contempla frotas de veículos elétricos ( VEs) com integração vehicle to grid, que consiste no fornecimento de energia para a rede quando o veículo elétrico/híbrido estiver parado. “Com a abertura do mercado livre de energia, será possível definir planos e momentos mais apropriados para carregamento. São estratégias que podem nos trazer muitas oportunidades”, afirmou Maisonnave.

 

Cyber segurança

 

Para Guilherme Cavalcante, CEO e fundador da Ucorp, empresa de tecnologia para mobilidade corporativa elétrica, os desafios da companhia evoluíram com o negócio. “Hoje, são desafios; no início, eram barreiras. De maneira geral, atualmente, temos discussões e uma rede de pessoas para troca de informações”, explicou.

 

De acordo com ele, atualmente, um dos maiores pontos de atenção é a questão de cyber segurança. “Dedicamos muito tempo e investimentos ao controle de fraudes, mas faz parte dos nossos esforços essa construção de um ambiente seguro”, disse.

 

Para Diego Duarte, cofundador da EZvolt, embora ainda ocorra incerteza sobre a eletrificação de maneira geral, já houve evolução. “Por volta de janeiro de 2021, criamos o eletroposto do condomínio, em uma época em que tínhamos dúvidas se podíamos vender recarga. Agora, temos algumas dessas respostas”, disse. Entre as conquistas, Duarte citou o fornecimento dessas estruturas de recarga para empresas que operam regularmente com frotas elétricas, como JBS, Mercado Livre, Americanas, entre outras. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade/Daniela Saragiotto)