O Estado de S. Paulo
Em evento do Estadão, Gustau Gomis disse que a mobilidade elétrica é um pilar da revolução industrial 4.0.
A transição para a mobilidade elétrica é um dos pilares da revolução industrial 4.0. É o que afirmou Gustau Máñez Gomis, representante no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, na abertura do Summit Mobilidade 2023, evento online e gratuito promovido ontem pelo Estadão, com o tema Inovação e infraestrutura: os caminhos para uma mobilidade sustentável e inclusiva.
Para Gomis, a descarbonização dos meios de transporte é uma oportunidade em direção a um futuro mais sustentável, expressa nas transformações da indústria. Ao passo que os veículos elétricos se multiplicam no mundo, espera-se que a fabricação de veículos a combustão diminua em mais de 20% na próxima década, segundo ele. A fabricante Volvo, por exemplo, prevê que 50% de toda a sua produção até 2025 seja de veículos elétricos. Já a Mercedes espera, para o mesmo ano, ter todos os veículos movidos a eletricidade.
“Não é uma questão de futuro; é uma questão de agora. É preciso investir”, afirma Gomis. No Brasil, no entanto, ele acredita que ainda falta um projeto nacional para a promoção da mobilidade elétrica. “Precisamos de uma política nacional com incentivos, metas e normas-padrão em consonância com países vizinhos para fomentar a transição”, afirma. É o caso do Chile, ele lembra, que adota uma política para não haver venda de motores a combustão até 2030, ou da União Europeia, que espera alcançar esse objetivo até 2025. “Prefeituras e governos locais que controlam as frotas de transporte público têm papel fundamental para a mobilidade elétrica, trocando seus ônibus por ônibus elétricos. Isso vai fazer com que a tecnologia elétrica seja muito mais democrática”, afirma.
Para Gilberto Perre, secretário executivo da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que também participou do evento, essa preocupação já existe.
“Prefeitos e prefeitas estão convencidos que essa é uma pauta estratégica”, defende.
Transição
A transição para meios de transporte mais sustentáveis não precisa ser disruptiva, diz João Irineu Medeiros, vice-presidente de Assuntos Regulatórios da Stellantis para a América do Sul. Uma possibilidade está no etanol, um diferencial do Brasil para descarbonizar. Segundo Medeiros, o País tem mais de 42 mil postos de combustível e atingir esse patamar para veículos elétricos exige tempo e investimento – o que faria a transição demorar mais.
Ele defende priorizar o etanol e tecnologias híbridas, pois veículos híbridos não dependem de postos de recargas. “Países ricos vão fazer a transição mais rápido, mas é possível fazer de forma gradual”. (O Estado de S. Paulo/Guilherme Santiago)