Energia grátis dificulta expansão de pontos de recarga, diz especialista

AutoIndústria

 

A frota de veículos eletrificados ainda é diminuta no Brasil, as vendas de modelos que dependem de carregadores para poder circular somam menos de 2% do mercado interno em 2022. Ainda assim, os proprietários desses veículos já não encontram com facilidade estações de recarga e, quando as encontram, muitas vezes estão ocupadas ou em manutenção.

 

A rede pública e semipública de pontos de carregamento é calculada em menos de 3 mil por especialistas do setor Ainda que com a vantagem da oferta de energia gratuita – num claro esforço dos próprios fabricantes para atrair clientes para esses produtos com preços nas alturas -, “abastecer” um carro elétrico em um carregador rápido é cada vez mais um exercício de paciência, de tempo e de alguma sorte.

 

Essa estrutura de carregamento deficitária desincentiva um mercado mais robusto para as já dezenas de modelos eletrificados plug-in. E a própria gratuidade da energia é vista como um dos fatores limitadores para a ampliação, por parte de empresas do setor, dos pontos de recarga e o surgimento de eletropostos em número relevante.

 

Ricardo David, sócio-diretor da Elev, empresa do setor, defende que esse modelo de abastecimento seja revisto, mesmo reconhecendo que, num primeiro momento, os carregadores gratuitos foram importantes para a expansão da eletromobilidade.

 

“Os carregadores gratuitos no Brasil são, em sua grande maioria, um serviço de divulgação para a eletromobilidade. Porém, por mais que existam benefícios, eles dependem da manutenção do serviço, o que tem como reflexo o aumento das filas nos eletropostos”, pondera.

 

Por outro lado, segue David eles evitam o aumento do serviço disponível: “Claramente, temos um aumento significativo da demanda, mas o segmento é bastante concorrido e as montadoras investem em pontos de recarga gratuitos. Porém, chegará um momento que esse serviço se tornará ineficiente para os motoristas, algo que já pode ser visto atualmente”, declarou.

 

O especialista entende que, com o aumento da demanda, cada vez mais pessoas enfrentarão problemas se o modelo de gratuidade continuar como está.

 

“Acredito que a gratuidade será superada e os consumidores buscarão por mais comodidade e um serviço de maior qualidade”.

 

Outro ponto de atenção apresentado pelo especialista está na necessidade de um plano nacional para o setor: “Precisamos de uma mobilização de nível federal para viabilizar um crescimento ordenado do segmento”. (AutoIndústria/George Guimarães)