Jornal do Carro
Com a corrida pela eletrificação dos carros, vários países no mundo vêm estabelecendo novas políticas para acompanhar essa transformação. Por aqui, a Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMSP) anunciou um projeto-piloto que vai inserir carros elétricos na frota do patrulhamento urbano. Entre os modelos, o Nissan Leaf e o BYD e5 já estão em testes operacionais e começam a circular pelas ruas da capital paulista.
De acordo com a corporação, a frota recebeu duas unidades do Nissan Leaf e uma do BYD e5. A princípio, os elétricos serão usados pelo CPA/M-5 (Comando de Policiamento de Área Metropolitana) na Zona Oeste da capital paulista. A escolha da região se deu pelo fato de oferecer uma maior oferta de carregadores para carros elétricos.
Por isso, ambos os modelos farão a divisão entre patrulhas de ronda escolar e chamados do número 190 na área do 23º BPM/M (Batalhão de Polícia Militar Metropolitano). “Além de ser um veículo 100% movido a energia limpa, temos a expectativa de redução em custos de manutenção. E também de equipar a Polícia Militar com alternativas de fontes renováveis de energia para suas viaturas”, comentou o Tenente Coronel Carlos Henrique Lucena, responsável pelo projeto. No entanto, vale dizer que, depois de audiência civil pública com empresas privadas, as montadoras ofereceram os veículos sem custos para o Governo de São Paulo.
Elétricos podem aumentar a descrição da ronda
De acordo com a entidade, os testes vão durar cerca de 90 dias. Nesse período, o projeto vai avaliar a operacionalidade, bem como a gestão desses veículos no dia a dia. Como, por exemplo, o tempo de recarga das baterias, os custos de manutenção e a resposta ao serviço de patrulhamento. Além disso, outro foco do teste é analisar o baixo ruído dos modelos, que são mais silenciosos, o que pode aumentar a discrição durante a ronda.
Para fazer parte da iniciativa, os carros passaram, portanto, por algumas modificações. Na parte externa, por exemplo, os três modelos foram completamente adesivados com o padrão de identificação da polícia. Os veículos elétricos também receberam itens como sistema GPS, luzes sinalizadoras, rádio transmissor e sirene.
Da mesma forma, cerca de 90 policiais militares tiveram o primeiro contato com os novos equipamentos. Todos, inclusive, passaram por um curso de instrução que ocorreu entre os dias 26 e 27 de agosto. Ou seja, técnicos das fabricantes instruíram os agentes sobre as tecnologias, normas de segurança, operação do sistema e dirigibilidade.
Por fim, de acordo com o órgão, se a experiência for aprovada após os 90 dias de teste, a ideia do governo é trocar mais de 20 mil viaturas por modelos elétricos. “Existem protocolos internacionais de redução na fabricação de modelos movidos à combustão. Além disso, estaremos preparados para eventuais crises no fornecimento de combustíveis fósseis”, pontuou o Tenente Lucena.
Mais detalhes dos modelos
O hatch 100% elétrico da Nissan traz um conjunto de tecnologias avançadas. O Leaf comporta baterias de íon-lítio de 40 kWh, e entrega potência máxima de 149 cv, assim como um torque generoso de 32,6 kgfm. A autonomia é de 272 km.
Segundo a marca japonesa, o hatch tem uma economia significativa com recarga e abastecimento. Em um levantamento da Nissan do Brasil, o modelo apresentou uma redução de custos de até 75%. O Nissan Leaf tem preço sugerido de R$ 277.990.
Já o BYD e5 é um sedã elétrico vendido apenas para frotistas – ou seja, para empresas. Seu motor gera 217,5 cv de potência e 31,6 kgfm de torque. Em uma comparação rasteira, lembra um Toyota Corolla com mecânica 100% a eletricidade (e não híbrida).
O chinês usa bateria de fosfato de ferro de lítio com capacidade para armazenar 47,5 kWh, o que garante 300 km de autonomia. Segundo a BYD, o tempo de recarga é de apenas 1h30min. No Brasil, o sedã elétrico tem preço de R$ 230 mil.
Carros elétricos viram prioridade no Brasil
Os carros elétricos são vistos como uma das soluções fundamentais para reduzir as mudanças climáticas no planeta. Nesse sentido, o Jornal do Carro vem acompanhando a corrida pela eletrificação das montadoras no mundo e, principalmente, no Brasil.
A despeito de caminhar a passos lentos, o mercado de carros eletrificados tende a crescer no País nos próximos anos. Hoje, a estimativa é de que as vendas de veículos elétricos e híbridos passe dos atuais 2% (segmento de leves) para entre 12% e 22% dos emplacamentos em 2030. Ou, ainda, 32% a 62%, a depender do rumo de mercado e das políticas de incentivos.
Os dados são de um estudo da Anfavea, associação que reúne as fabricantes do país, em parceria com o Boston Consulting Group (BCG). Intitulado “O Caminho da Descarbonização do Setor Automotivo”, a pesquisa mostra 3 possíveis cenários para o Brasil.
Dessa forma, diversas fabricantes estão de olho nas possibilidades futuras. E vêm entrando cada vez mais na corrida pela eletrificação. Entre elas, a Volvo continua na vanguarda, e só vende elétricos e híbridos. E a Stellantis acaba de lançar o primeiro Fiat elétrico, e vai investir pesado nesse mercado. No mais, é aguardar os próximos lançamentos. (Jornal do Carro/Jady Peroni)