Startups com foco em cidades sustentáveis

O Estado de S. Paulo

 

As metrópoles, com grande concentração de pessoas em um espaço delimitado, enfrentam inúmeros problemas todos os dias, especialmente em relação à sustentabilidade. Por isso, para promover uma convivência harmônica e com menor impacto ao meio ambiente, é importante pensar em cidades com menor produção de lixo, estimular o consumo consciente de água e energia, criar moradias ecologicamente corretas e desenvolver formas de transporte menos poluentes.

 

É com esses desafios, que não são pequenos, em mente, que startups compartilham de um objetivo em comum. Empresas como Uka, Cidades.co, Next Ride e Projeto Flow querem construir um urbanismo sustentável em São Paulo, a maior e mais complexa cidade do País. Há outro ponto em comum entre todas essas empresas. Elas passaram a ser incubadas em 2021 no projeto Hub Green Sampa, programa de aceleração de negócios da Capital. Ao todo, já são 20 iniciativas selecionadas para a edição atual e mais 10 entrarão no grupo. Todos os participantes têm acesso ao Centro de Inovação Verde Bruno Covas, além de mentorias e capacitação.

 

Os negócios que serão acelerados vão desde projetos em fase de concepção até startups que já atuam no mercado. “Quando essas empresas dão certo, os produtos delas se desenvolvem e elas se estabelecem como negócios e começam, de fato, a oferecer essa solução para a sociedade”, explica Aline Cardoso, secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo. Ao final do programa, essas soluções podem ser absorvidas por empresas patrocinadoras ou até pelo próprio governo.

 

Mobilidade. Uma opção prática e sustentável, que ajuda a fugir do trânsito, é a bicicleta. Entre 2016 a 2019, o mercado de bicicletas elétricas cresceu 34%, segundo levantamento da

 

34% foi o crescimento do mercado de bicicletas elétricas entre 2016 a 2019, segundo pesquisa da Aliança Bike e do Labmob/UFRJ

 

Aliança Bike e do Laboratório de Mobilidade Sustentável da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Labmob/UFRJ). Essa crescente busca pela “magrela” se tornou uma oportunidade de negócio para os engenheiros Abdalla Tauil, Felipe Cândido e Pedro Bueno.

 

Inicialmente, eles tentaram ingressar no ramo de eletrificação de bicicletas, mas o negócio não prosperou. Porém, observaram que havia muito interesse por bikes elétricas. “Então surgiu a ideia de alugar bicicletas elétricas, com planos mensais que incluem serviço de assistência, seguro e manutenção preventiva”, conta Bueno. Foi assim que nasceu a Next Ride, com assinatura de R$ 479.

 

Moradia

 

Outra participante dessa edição do programa é a Uka, empresa de projetos de pequenas casas ecológicas. A iniciativa surgiu no ano passado após a chegada da pandemia ao Brasil. “A questão ambiental, que sempre fez parte da nossa formação, estava ali gritante, exigindo um modelo de integração entre o homem e a natureza que possibilitasse um cenário diferente do que observamos no início de 2020. Para nós, foi o momento em que virou a chave e decidimos que queríamos fazer a diferença de

 

forma mais efetiva, com resultados inspiradores que motivassem os outros e com algo que sempre gostamos e acreditamos: a bioarquitetura”, conta Leonardo Monteiro, um dos três fundadores e sócio.

 

A proposta da Uka é tornar possível uma nova forma de ocupação, com o máximo de aproveitamento do espaço e uso sustentável dos ambientes interno e externo. “Integramos técnicas de construção de baixo impacto, projetos de casas inspiradas no movimento Tiny House, manejo de paisagem funcional, e tecnologias verdes. Entregamos ao cliente uma moradia sustentável pelo menor custo viável”. Nesse processo, a preocupação com o meio ambiente vai desde a escolha dos materiais até os métodos usados na construção.

 

Ainda nessa linha de construções, o Cidades.co busca solucionar os problemas de espaços públicos com a adoção de praças. A iniciativa permite que empresas promovam melhorias urbanas com contrapartidas, como divulgação da marca no local, por exemplo. “Se você pegar qualquer grande avenida de São Paulo, ela vai estar adotada, mas, se você entrar um quarteirão para dentro da cidade, vai ter uma praça de verdade que não é adotada. O motivo que me fez abrir essa empresa foi lutar para viabilizar esse tipo de espaço”, diz o arquiteto Marcelo Rebelo, fundador do Cidades.co.

 

As praças são adotadas por moradores, que, segundo Marcelo, são os verdadeiros interessados em manter aquele espaço revitalizado.

 

Água

 

Afetado pela crise hídrica que o Estado de São Paulo viveu entre 2014 e 2016, o administrador Lucas Djin Ito, ainda estudante na época, buscou formas de reaproveitar a água do banho para a descarga, mas sem usar baldes. “Eu queria encontrar um jeito de abastecer a caixa acoplada do vaso sanitário sem reformas e custos extraordinários. Daí, eu comecei a pensar em como estocar essa água e usá-la no momento apropriado”.

 

Assim surgiu a Flow, um dispositivo que permite o reúso de água do banho, da máquina de lavar e até mesmo da chuva, tudo sem quebrar paredes ou contratar profissionais para a instalação. Ainda em fase de desenvolvimento, a ideia do empreendedor é cobrar R$ 289 pelo produto. (O Estado de S. Paulo/Marcos Leandro)