O Estado de S. Paulo
Devido às profundas transformações causadas pela pandemia da covid-19 no âmbito do deslocamento urbano, é necessário estimular a mobilidade compartilhada como complemento aos meios de transporte tradicionais. Atualmente, aplicativos de bicicletas e patinetes compartilháveis e serviços de aplicativo de transporte fazem cada vez mais parte do cotidiano das metrópoles. Em uma cidade inteligente, o deslocamento deve atender à pluralidade de perfis dos passageiros e possibilitar soluções multimodais no transporte urbano, garantindo, assim, acesso mais democrático à cidade. Segundo Alexandre Flores, CEO da Bikebox, startup que criou um modelo inédito de bicicletário, “a integração de diferentes modais aumenta o número de trajetos, reduz custos, minimiza impactos ambientais e contribui para reduzir congestionamentos. Os desafios da mobilidade exigem aumento de soluções para oferecer mais oportunidades de escolha aos usuários”.
Além de promover alternativas de deslocamento, a incorporação de soluções multimodais estimula a oferta de transporte público mais seguro e com tarifa única justa. De acordo com Silvani Pereira, diretor-presidente da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), “a melhoria na qualidade da mobilidade urbana deve ser promovida com o uso intensivo de tecnologia, buscando implementar a integração dos diversos modais como um único serviço, integrando tarifas, formas pagamento, customizando viagens e a aquisição de pacote de produtos e serviços, sempre vinculado ao trecho de deslocamento adquirido pelo passageiro”.
Micromobilidade em crescimento
Isso já é tendência no País: em 2021, o Relatório Global Moovit mostra que, aproximadamente, 30% dos usuários utilizam a micromobilidade como forma complementar ao transporte público. Dessa maneira, a tendência é de que novos meios de transporte complementem a mobilidade urbana, tornando as cidades mais conectadas.
“A criação da Autoridade Metropolitana é muito importante, pois possibilitará a coordenação dos modais no espaço urbano das cidades conurbadas, nome dado à junção física de duas ou mais cidades cujas zonas urbanas tenham se tornado limítrofes umas das outras, constituindo um todo continuamente urbanizado. Com isso, permitirá gestão integrada e uma política de mobilidade única nas regiões metropolitanas, reduzindo a sobreposição de itinerários e, assim, oferecendo ao passageiro facilidades e melhor retorno no deslocamento urbano”, conclui Pereira.
De acordo com Paula Faria, CEO da Necta, idealizadora do Connected Smart Cities & Mobility e Embaixadora da Mobilidade, no Estadão, “com a pandemia, a maneira como nos locomovemos pelo espaço urbano mudou significativamente. Dentro desse contexto, é imprescindível que a mobilidade urbana seja estruturada na implementação de diferentes soluções que busquem complementar a malha de transporte e, principalmente, coloquem o passageiro em primeiro plano, promovendo deslocamentos mais seguros e sustentáveis”.
O tema será amplamente debatido durante o evento nacional Connected Smart Cities & Mobility 2021 (CSCM), que acontecerá entre 1o e 3 de setembro. A iniciativa contempla agenda pré-evento, por meio de ações regionais em todas as capitais do País, além dos “Pontos de Conexão CSCM”, que serão transmitidos ao vivo. O CSCM 21 conta com o apoio do Estadão e reunirá os atores do ecossistema de cidades e mobilidade urbana. (O Estado de S. Paulo)