Novo CTB pressiona motoristas a comparecerem aos recalls

O Estado de S. Paulo/Mobilidade

 

Atualmente, o índice de proprietários de automóveis que atendem aos chamados de recall no Brasil atinge, no máximo, 40% do total de veículos com defeitos detectados. Uma importante mudança no novo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), em vigor desde o dia 12 de abril, é a promessa de mudar essa realidade e trazer mais segurança ao nosso trânsito. De acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o recall não atendido após um ano da notificação passará automaticamente a ser incluído no Certificado de Registro e Licenciamento do veículo, e este só poderá ser regularizado com base na comprovação do reparo.

 

Ou seja: quem não comparecer ao recall será impedido de fazer um novo licenciamento, o que certamente irá dificultar uma possível venda do carro. “A expectativa é que o índice suba dos atuais 40% para algo entre 80% e 90%, que é o padrão internacional”, explica Luiz Carlos Moraes, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, em coletiva logo que iniciaram os trabalhos para pleitear a inclusão do tema nas alterações do CTB.

 

Idade do automóvel conta

 

De acordo com João Irineu Medeiros, diretor de segurança veicular da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), quanto mais novo o automóvel, maior o índice de comparecimento a um recall. “Não há pesquisas sobre o tema, mas o que notamos é que, no caso dos veículos mais antigos, os proprietários vão perdendo o vínculo com as concessionárias, que são uma espécie de ponto de contato para os reparos”, explica. Mas nada justifica a decisão de se colocar em risco e aos demais, incluindo pedestres, já muito prejudicados com os altos índices de acidentes de trânsito, tendo em vista que as montadoras comunicam seus recalls de forma massiva à sociedade.

 

Medeiros vê a mudança na legislação de trânsito como positiva, uma vez que o Denatran assume o compromisso de comunicar aos proprietários da necessidade do reparo, com base em seu banco de dados de condutores.

 

“Dá um peso diferente ser intimado a comparecer a um recall por uma autoridade de trânsito. Além disso, o responsável será informado que o não comparecimento no período de um ano impedirá um novo licenciamento do veículo, o que, acredito, irá criar uma cultura de atendimento aos recalls”, afirma. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade/Daniela Saragiotto)