O Estado de S. Paulo
Os automóveis estão ganhando mais tecnologia a cada lançamento. Não são evoluções que se destinam apenas ao aumento de desempenho ou à economia de combustível. Grande parte dos dispositivos é voltada para a segurança dos ocupantes e também de quem está ao redor dos carros, como pedestres, ciclistas, skatistas e motociclistas, entre outros.
Desde que o cinto de segurança começou a ser usado pela indústria automotiva, nos anos 1950, as tecnologias não pararam de evoluir e atuam de forma decisiva para evitar consequências mais graves nos acidentes. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa de Acidentes de Trânsito e Análise de Dados do Japão de 2018, em um universo de 10 mil ocorrências, os modelos equipados com sistemas inteligentes de segurança tiveram 61% menos casos de ferimentos ou mortes, em comparação aos veículos sem as tecnologias.
Embora as fabricantes batizem com nomes diferentes os dispositivos que basicamente executam as mesmas funções, muitos veículos apresentam itens fundamentais para a segurança das pessoas, como airbags laterais e de cortina, câmeras traseiras para manobras, controle automático de descida, assistente de permanência de faixa e controle de estabilidade.
As tecnologias se valem de câmeras que fornecem imagens coloridas em 3D, sensores, radares e interferem em vários sistemas do veículo, como freio, piloto automático e acelerador, auxiliando na redução de velocidade e até na parada do automóvel.
Conheça, a seguir, alguns equipamentos vitais para proteger a integridade de quem enfrenta o trânsito no dia a dia – dentro ou fora dos veículos.
Carro parado na subida
O assistente de partida em rampa é extremamente útil e seguro sempre que o motorista para em uma subida no semáforo vermelho, por exemplo. Na hora da partida, quando o condutor tira o pé do freio para acelerar, o carro se mantém estático por dois segundos. A ação protege eventuais pedestres inadvertidos que estão atravessando a rua e também o automóvel de trás. O único cuidado necessário é não demorar mais que o tempo de dois segundos para acionar o acelerador.
Há muitas situações também em que o carro fica sem controle em uma pista sinuosa. O programa eletrônico de estabilidade é um sistema eletrônico que interfere diretamente nos freios, impedindo que o motorista perca a direção principalmente nas curvas. Para isso, ele analisa a rotação de cada roda em relação à velocidade e identifica a que está perdendo mais aderência, acionando o freio daquela roda específica.
De certa forma, as tecnologias trabalham como anjos da guarda do motorista, uma vez que ficam de olho no comportamento dele. Quando há oscilações do carro a uma velocidade a partir de 60 quilômetros por hora, o assistente de permanência na faixa adverte sobre a instabilidade na condução com aviso sonoro e luz indicadora, além de aplicar leves movimentos no volante para que o motorista retome a atenção e permaneça no centro da sua pista. O dispositivo também avisa se o veículo altera seu percurso normal, encostando nas linhas que demarcam as faixas de rodagem.
O zigue-zague na pista pode revelar não só falta de concentração do motorista como também sinais de cansaço ao volante. Nesse momento, entra em ação o indicador de fadiga. Os sensores cruzam informações sobre o nível de atenção do condutor, a trajetória do veículo e a estrada. Ao interpretar movimentos não intencionais do motorista, eles ativam um alerta e o ícone de uma xícara de café aparece no painel, o que significa a recomendação de uma pausa para descanso.
Quando é preciso frear o carro imediatamente, a tecnologia igualmente presta valiosa assistência ao motorista. A frenagem automática de emergência utiliza sensores no para-choque, a fim de detectar objetos na frente do automóvel. Quando isso acontece e o motorista não reage, o sistema aplica automaticamente os freios para evitar a batida.
Por falar em parar o carro, o sistema de frenagem para mitigação de colisão é outra tecnologia de assistência avançada. Uma unidade de radar colocada atrás da grade frontal e uma câmera monocular posicionada entre o retrovisor e o para-brisa controlam as condições de tráfego.
Diante do perigo de colisão, o sistema emite alertas visuais e sonoros para que o motorista execute ações corretivas. Se, ainda assim, a situação não for resolvida, o dispositivo interfere com diferentes níveis de frenagem para diminuir a velocidade do veículo e, consequentemente, a força do impacto.
Feixe de luz que se movimenta
A iluminação do automóvel não se limita mais aos faróis altos, baixos e de neblina. No sistema direcional, o feixe de luz se movimenta para a esquerda ou para a direita, dependendo da posição do volante. Esse recurso aumenta o alcance da visibilidade do motorista na hora em que faz as curvas à noite, antecipando a presença de outros veículos em sentido contrário, pedestres e possíveis objetos na pista.
O sistema inteligente de visão noturna também é importante para evitar atropelamentos. Por meio da câmera instalada na grade dianteira do veículo, ele previne o motorista mostrando na tela do painel de instrumentos que há um pedestre ou um animal atravessando a via a uma distância de até 300 metros.
Cuidado com o ponto cego
Sair de uma vaga de estacionamento também requer cuidados. Quando o motorista engata a marcha à ré, sensores entram em ação para detectar outros automóveis vindos em sentido perpendicular nos dois lados. Se isso estiver acontecendo, a câmera traseira para manobras aciona um alerta por indicadores em LED no retrovisor externo e com avisos sonoros quando a colisão é iminente.
Visibilidade comprometida é uma coisa séria. É natural você querer mudar de faixa sem notar a proximidade de um carro ou moto, porque estão ocultos no chamado ponto cego, ou seja, aquela posição traiçoeira atrás da coluna C do seu automóvel. Para evitar a arriscada mudança de faixa e, consequentemente, uma colisão, o sensor de ponto cego mostra – por meio do indicador em LED na superfície do espelho retrovisor externo – que outros veículos se aproximam na lateral.
Nos carros da Honda, por exemplo, o sistema batizado de Lanewatch é ainda mais sofisticado. Ele tem câmera na parte inferior do retrovisor do lado do passageiro e exibe uma imagem em ângulo aberto da via na tela da central multimídia logo que o pisca da direita é acionado. Segundo a montadora, enquanto o campo de visão de espelhos é de 18 a 22 graus; já o ângulo do display Lanewatch é quatro vezes maior. Isso ajuda o motorista a enxergar tráfego, pedestres ou objetos nem sempre visíveis apenas pelo espelho.
A câmera de 360º, por sua vez, dá uma visão ampla e panorâmica do entorno do carro, permitindo que os ocupantes acompanhem tudo o que acontece lá fora, aumentando a segurança em situações como saída de garagens ou se há ciclistas ou pedestres muito perto.
Câmeras e sensores
Instalado pela primeira vez em um veículo, em 1973, sem muito sucesso, o airbag voltou à cena, oito anos depois, em um modelo da Mercedes-Benz. Com o tempo, ele ganhou variações como airbags laterais (side bags) e os de cortina, colocados, geralmente, ao lado dos encostos dos bancos de automóveis mais caros. O dispositivo deixa ombros, costelas, braços e cabeça menos expostos durante a colisão, protegendo motoristas e passageiros de lesões mais sérias.
Um dos motivos que mais acarretam acidentes no trânsito é a embriaguez. Segundo a Administração Nacional de Segurança Rodoviária (NHTSA), dos Estados Unidos, 30% das mortes no trânsito naquele país são provocadas por motoristas que dirigem alcoolizados e perdem totalmente o controle de direção por longos períodos.
Algumas montadoras, como a Volvo, acreditam que a instalação de câmeras e sensores no carro com o objetivo de monitorar o comportamento de quem está ao volante é um método eficaz de atacar esse problema. Se for preciso, a tecnologia executa intervenções como limitar a velocidade do carro e, em casos extremos, recorrer ao serviço de assistência – Volvo on Call (Volvo) ou On Star (General Motors) – para chamar socorro médico.
A câmera de 360º dá uma visão ampla e panorâmica do entorno do carro. (O Estado de S. Paulo/Mário Sérgio Venditti)