AutoIndústria
A média das opiniões dos especialistas é de que na metade desta década um automóvel elétrico terá custos e preços semelhantes aos dos veículos a combustão. Justificam o otimismo com a sensível queda no valor das baterias, que respondem por boa parte dos custos desses veículos, mas também pelo projetado crescimento da oferta e demanda por esses modelos.
E a julgar pelas medidas anunciadas por dois países europeus esta semana, o processo pode ser ainda mais acelerado e, dificilmente, consumidores dos principais mercados mundiais encontrarão, em futuro nem tão distante, alguma vantagem financeira para rodar com um veículo a gasolina ou diesel.
No Reino Unido, onde os carros elétricos representam ainda tímidos 5% dos negócios, o governo acaba de antecipar em cinco anos o fim da era dos automóveis a combustão interna. Em 2030, portanto em menos de uma década, estarão proibidas as vendas de veículos de passeio e comerciais leves novos movidos com essa mais que centenária tecnologia.
A decisão, anunciada pelo primeiro-ministro britânico Boris Johnson, antecipa em cinco anos o prazo anterior e integra pacote de ações batizado de “revolução industrial verde”, que objetiva zerar as emissões de carbono no Reino Unido até 2050. Paralelamente, o governo promete desembolsar cerca de US$ 3,2 bilhões em subsídios e suporte para infraestrutura de carregamento, desenvolvimento e produção de veículos elétricos
Maior mercado automotivo da Europa, a Alemanha também resolveu colocar ainda mais dinheiro nessa corrida da eletrificação. O governo está oferecendo a montadoras e fornecedores € 5 bilhões para enfrentamento da crise do coronavírus e desenvolvimento de carros elétricos.
Mais ainda: na última quarta-feira, 18, a primeira-ministra Angela Merkel informou ao setor que pretende estender em quatro anos, até 2025, os subsídios para a compra de automóveis com a tecnologia e ampliação da rede de recarga. O governo deseja que algo como 75% dos postos de combustíveis tenham infraestrutura para cargas rápidas até 2026.
A própria União Europeia já admite estudos para definir limites de emissões ainda mais rígidos para a próxima década – como reduzir os índices de dióxido de carbono em 55% sobre os níveis de 1990, contra os 40% até agora estipulados -, o que, se concretizado, representará mais um empurrão, ainda que muito criticado por alguns técnicos, à eletrificação das frotas.
Por conta de medidas fiscais, do endurecimento das regras de emissões e consequente penalidade para as montadoras que não atingirem os padrões definidos, são cada vez mais frequentes os lançamentos de veículos híbridos e elétricos na Europa. Com eles, crescem também as vendas.
No acumulado de janeiro a julho deste ano, os elétricos atingiram 269 mil unidades negociadas – 500 mil somados os híbridos -, já próximas das 278 mil registradas no mesmo período na China, ainda o maior mercado mundial. E as projeções indicam que, já em 2021, um em cada sete carros vendidos no mercado europeu será elétrico.
GM amplia investimentos
Ainda que em ritmo de crescimento mais lento nos Estados Unidos, os elétricos também norteiam os próximos movimentos das fabricantes norte-americanas, e de maneira mais acentuada da General Motors.
Nesta quinta-feira, 19, Mary Barra, CEO da GM, revelou que a empresa aumentará em 35% os recursos previstos para o desenvolvimento e produção de carros, picapes e SUVs elétricos e autônomos nos próximos cinco anos. Antes do surgimento da Covid-19, a GM planejara desembolsar US$ 20 bilhões no período, valor agora revisto para US$ 27 bilhões e que resultará em um número ainda maior de lançamentos.
Estão previstos 30 modelos em todo o mundo até 2025 – duas dezenas na América do Norte e alguns, como um SUV compacto, na faixa de US$ 30 mil. “Estamos decididos a nos movermos ainda mais rápido para agilizar a transição para os veículos elétricos”, afirmou a executiva em comunicado.
A empresa também revelou informações que corroboram a visão dos analistas mais otimistas: a GM diz que as baterias que serão utilizadas nos novos produtos terão custo que, em cinco anos, permitirão preços finais dos veículos similares aos dos movidos a gasolina e autonomia de até 720 quilômetros.
O novo pacote de baterias que será adotado nos veículos montados sobre a plataforma elétrica Ultium, base para os lançamentos programados, já custa quase 40% menos do que o utilizado no atual Chevrolet Bolt EV e a GM calcula que sua segunda geração, esperada para meados da década, será 60% mais barata do que as baterias em uso hoje e com o dobro da densidade de energia. (AutoIndústria/George Guimarães)