Motor 1/BCG
O rápido crescimento do mercado global de carros elétricos trará desafios cada vez mais complexos à cadeia produtiva desse tipo de veículo. A combinação da crescente demanda por carros mais ecológicos e reduções impostas por governos nas emissões de frota das montadoras obrigarão as fabricantes de equipamentos originais (OEMs na sigla em inglês) a aumentar sua participação nesse segmento.
Um estudo recente realizado pelo Boston Consulting Group (BCG) chamado “Shifiting Gears in Auto Manufacturing”, aponta que a implantação da força de trabalho será o ponto crítico dessa transição para a mobilidade elétrica, impulsionada pelo impacto que a mudança provocará nas operações das montadoras e fornecedores.
Do ponto de vista da produção, a diferença mais importante entre veículos com motores a combustão e os elétricos a bateria, é a substituição do motor tradicional, cuja montagem é muito mais complexa e trabalhosa, por um motor elétrico, relativamente simples. Os motores elétricos têm menos peças com materiais de difícil manuseio, como mangueiras ou gaxetas, o que permitiria às montadoras automatizar esse processo.
Principalmente por causa de seus conjuntos propulsores mais complexos, os carros a combustão têm muito mais componentes do que carros elétricos. Um trem de força a combustão pode ter mais de 1.000 componentes, enquanto um trem de força elétrico geralmente tem apenas algumas centenas (sem contar cada célula individual da bateria separadamente). No entanto, o custo por veículo elétrico a bateria é na prática cerca de 30% maior do que o do carro convencional, principalmente por causa do alto custo das baterias.
Outra diferença entre os dois sistemas de produção envolve a integração das baterias, levando em consideração que as células que compõem as baterias vêm de fornecedores especializados e o processo de entrega desse componente requer uma cadeia de suprimentos bastante eficiente. Afinal, as montadoras não podem armazenar grandes estoques de módulos de bateria, por conta de limitações como espaço físico, risco de incêndios e etc.
Dessa forma, ao migrar para a produção de veículos elétricos a bateria, as montadoras terão que dominar novos processos de fabricação, como bobinamento, impregnação ou selagem de fiação e controle de qualidade para sistemas elétricos mais complexos. Tudo isso exige mão de obra especializada em grande quantidade para atender a estas novas demandas.
“Uma mudança significativa para uma indústria que passou mais de 100 anos desenvolvendo e melhorando a fabricação de motores e a montagem de veículos com os mais altos níveis de eficiência”, aponta o estudo da consultoria norte-americana. (Motor 1/BCG/Julio Cesar)