O Estado de S. Paulo
O debate é antigo e ocorre em várias partes do mundo. O senso comum costuma registrar que as bicicletas, ao trafegarem por ruas sem ciclovias, são um grande obstáculo para o carro. A tese mais aceita é que, quando um automóvel, normalmente mais rápido, precisa ultrapassar um veículo de duas rodas, a manobra tem um impacto significativo para o trânsito daquela determinada via.
Para tentar medir se essa percepção de quem dirige automóvel está correta, pesquisadores americanos da Portland State University foram a campo. Ao medirem o congestionamento em ruas da cidade – que não tem ciclovias, mas tem bicicletas –, eles detectaram que o impacto delas pode ser considerado desprezível. A diferença em termos de velocidade média dos veículos entre a presença ou não das bikes ficou em menos de 2 km/h, o que definitivamente, segundo os autores da pesquisa, não impacta em nada o trânsito das vias.
De acordo com o trabalho, o impacto é ainda menor quando se considera o deslocamento dos ciclistas em veículos elétricos. Isso porque, principalmente em declives, a ultrapassagem de um carro por uma bike elétrica nem chega a ocorrer. Os dados obtidos pelos cientistas americanos mostram que até mesmo em subidas a interferência das bicicletas sobre o trânsito não é significativa.
“A nossa expectativa é que o estudo mostre aos tomadores de decisão que misturar os vários tipos de veículos é possível, porque não existe influência na mobilidade e na velocidade dos carros”, afirma Jaclyn Schaefer, um dos autores do trabalho.
A cidade de Portland tem aproximadamente 653 mil pessoas, o que significa que a pesquisa não pode ser diretamente extrapolada para as grandes cidades – nem dos Estados Unidos, nem do mundo. Mas, no caso do Brasil, apesar de as características dos motoristas serem diferentes, os resultados apresentados nos Estados Unidos são importantes para as cidades médias do interior do País. (O Estado de S. Paulo)