Novas normas europeias antiemissões devem acabar com motores downsizing

Canaltech/Motor1

 

Os amigos leitores do Canaltech que acompanham as nossas análises de automóveis já devem ter visto uma pincelada ou outra sobre o downsizing. Essa técnica, nada mais é, do que uma modificação que as montadoras têm feito nos motores para diminuir seu tamanho e cilindrada e, para que não haja perda de potência, fazer uso dos turbos propulsores ou até mesmo a injeção direta. Bem, na teoria, isso ajuda a consumir menos combustível e deixar os carros mais eficientes, mas, na Europa, isso deve começar a mudar logo e as empresas terão de se adequar.

 

Isso porque o continente europeu terá novas normas de regulamentação, chamadas de UE7 e que serão implementadas até 2026. Entre as modificações, está a que afeta os motores menores. Segundo o texto, a potência agora deve ser relativa por litro de cilindrada, ou seja, o tamanho do motor vai voltar a terum padrão bem parecido com o que tínhamos há uma década, com os carros mais potentes tendo, necessariamente, os maiores motores.

 

Essa tática dos mandatários europeus visa forçar as montadoras a apostarem cada vez mais nos carros elétricos e escancara que a ideia das empresas de investirem nisso não está ligada apenas a uma ideia de diminuir emissões ou de aumentar a eficiência, mas sim, de pressão governamental. Além disso, as montadoras terão o desafio de fabricar seus próximos carros a combustão com motores maiores, porém que emitam menos poluentes.

 

Para que isso ocorra, os veículos terão que ter a bordo conversores catalíticos três a quatro vezes maiores que os atuais, o que, claro, vai fazer com que o preço dos carros aumente, pois o custo de produção disso também irá crescer. Como sabemos que a preferência da maioria dos consumidores ainda é por carros à combustão, é possível que vejamos uma briga boa até que essas medidas sejam totalmente implementadas.

 

Aqui no Canaltech nós já testamos alguns carros que adotaram o downsizing, como o Volkswagen Polo, os novos Chevrolet Onix e Hyundai HB20. Mesmo com litragem baixa, a adoção do turbo faz com que esses veículos ganhem em eficiência e agilidade, com a potência do motor, mesmo que baixa, chegando em baixas rotações. Há, também, modelos modernos que não fizeram uso do downsizing, como o novo Toyota Corolla 2.0, que possui potência e torque relativamente altos e chegando cedo, mas consumo baixo se considerarmos a litragem.

 

Portanto, não podemos ignorar que essas mudanças representam um risco à indústria automotiva, que encontrou soluções inteligentes para entregar carros eficientes e menos poluentes. Como amante dos automóveis, ter um motorzão não seria de todo ruim, mas se podemos aliar a diversão, a performance e o bem-estar ambiental, melhor seguir assim. (Canaltech/Motor1/Felipe Ribeiro e Matheus Argentoni)