Repórter Diário
Ainda não se vê nas ruas pontos de recarga para veículos elétricos, o que demonstra que o mercado ainda não se mobilizou para esta demanda crescente cuja frota que, nos próximos 10 anos, deve tomar as ruas.
Especialistas consideram que a eletrificação da frota é algo que não tem mais volta e, que conforme o volume de carros elétricos aumentar, a infraestrutura irá se instalar. Nos postos de combustíveis do ABC ainda não há nenhum ponto de recarga, apenas condomínios e shoppings têm apostado no carro elétrico.
Para o professor Luiz Roberto Kanashiro, professor da Fatec Santo André e orientador na competição Fórmula SAE, antes da chegada do veículo puramente elétrico o Brasil vai experimentar uma eletrificação parcial da frota, com os veículos híbridos, que contam com motores à combustão que alimentam o propulsor elétrico. Para o mestre, essa transição será necessária até que haja pontos de recarga. “Hoje no eixo Rio e São Paulo temos alguns poucos locais, o que impede viagens longas, mas vai depender muito da frota, as montadoras estão anunciando seus elétricos, mas ainda há poucos nas ruas por causa do custo”, avalia Kanashiro.
Mas o surgimento da demanda deve vir logo, porque mesmo com os híbridos que chegam ao mercado, algumas montadoras já têm produtos. Exemplo é a Nissan, que lançou o Leaf, um veículo totalmente elétrico, o que se chama tecnicamente de Plug-in, que se liga diretamente à tomada. “Esse movimento já começou e não tem mais retorno o que é muito bom para o meio ambiente porque o elétrico tem baixa emissão de poluentes”, diz.
Alguns shoppings, prédios, estacionamentos e até postos de combustíveis já investem no segmento. No ABC, no entanto, são poucos os pontos de recarga. O empreendimento residencial Sky, da Patriani, foi entregue com o serviço e os futuros lançamentos também já são planejados com o serviço. “O investimento no ponto de recarga com acelerador foi de R$ 15 mil, com a parte elétrica. Daqui pra frente esse vai ser um padrão nas nossas obras”, explicou o engenheiro da Patriani, Eduardo Loyola, que instalou mais extintores de incêndio e criou um quadro diferenciado com disjuntores individuais.
O presidente da Acigabc (Associação dos Construtores e Imobiliárias do Grande ABC), Marcus Santaguita, avalia que esta é uma tendência. A construtora de sua propriedade, a Jacy, lançou o Motiró, em Santo André, já preparado com pontos de recarga. “Esses produtos lançados hoje vão ficar prontos em três anos e a gente acredita que neste prazo o carro elétrico já será realidade”, comenta.
No Grand Plaza Shopping instalou em agosto dois boxes para recarga. O cliente pode plugar o veículo e o carregamento é gratuito. O sistema foi desenvolvido em parceria com o BMW Group Brasil, por meio da BMW e MINI, marcas fornecedoras dos equipamentos de recarga. As estações têm potência de 22 KW e capacidade para 73 km de autonomia em uma hora de carga. A operação é simples e os plugs são todos do tipo 2, padrão internacional.
Os postos de combustíveis estão ainda reticentes ao elétrico. Ao contrário da Capital, no ABC, não há ponto de recarga. Para o presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMRR), Wagner Souza, o País ainda está longe de ter carros elétricos em número suficiente para que uma infraestrutura robusta se instale.
“O setor se ampara em pesquisas que mostram que o Brasil vai chegar a ter uma frota de carros elétricos que corresponda pelo menos 10% dos 65 milhões de carros rodando atualmente, em 2020. Temos um país de dimensões continentais e a população é pobre e não vai poder comprar carro elétrico. Além disso, não temos uma rede para suportar a demanda de energia”, diz.
Souza e Kanashiro concordam o híbrido é a melhor aposta no momento, como uma transição até o Brasil chegar ao elétrico puro. “Vamos esperar para ver o que os europeus fazem, a América do Norte e a China, para depois ver como aproveitar esse knowhow no Brasil”, diz Souza. (Repórter Diário/George Garcia)