Onix 2020 pega fogo e GM suspende vendas

O Estado de S. Paulo

 

Pouco mais de um mês após o início de sua comercialização, o Onix Plus, modelo totalmente renovado em relação ao anterior, teve as vendas suspensas e os modelos que já estão na rua vão passar por recall para corrigir defeito de fábrica.

 

Nesse curto período em que foram vendidas 7.140 unidades do modelo na versão sedã, dois deles pegaram fogo. A General Motors admitiu ontem problemas no software de gerenciamento do motor.

 

Em comunicado enviado às concessionárias, a GM pediu a suspensão das vendas do modelo e avisa que fará a convocação para conserto do defeito.

 

O recall, no entanto, só será feito quando a empresa concluir o processo de atualização do software, em prazo ainda não definido. Até lá, a empresa e os concessionários vão alugar veículos para colocar à disposição dos proprietários.

 

A atualização será necessária porque o software de gerenciamento do motor pode falhar em condições de temperatura, umidade e pressão específicas, “com risco de danos ao motor e potencial incêndio”, diz o comunicado da fabricante.

 

Segundo a GM, caso o veículo esteja com esse risco, um alerta visual será dado no painel de instrumentos, com o acendimento da luz de injeção.

 

A GM informou que os proprietários dos modelos Onix Plus 2020 devem entrar em contato com a central de atendimento da marca para se informarem sobre o carro reserva.

 

O primeiro incêndio ocorreu logo após o início das vendas do modelo, no fim de setembro. O carro ainda estava no pátio da GM, em Gravataí (RS), onde é produzido.

 

O segundo caso ocorreu na quarta-feira da semana passada, em uma estrada no Maranhão. A GM afirmou que o incidente ocorrido no pátio da fábrica “foi um caso isolado provocado por fator que não tinha relação com o projeto do veículo”.

 

O Onix é o modelo mais vendido do mercado brasileiro há quatro anos. A nova geração, por enquanto, está disponível na versão sedã (antigo Prisma) e a hatch chegará em breve.

 

Outros casos

 

A GM já foi investigada por outro caso envolvendo incêndios no modelo Vectra, que já saiu de linha. Houve relatos de 32 incêndios entre 2006 e 2009, com 24 vítimas fatais, além de feridos. A GM fez acordos de indenização com os familiares dos envolvidos que recorreram à Justiça.

 

O primeiro processo pedindo o recall do modelo foi arquivado sem que fosse constatado o motivo dos incidentes. Foi depois reaberto em 2014, mas desde então está parado na Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacon).

 

Fiat Tipo

 

Um dos casos mais emblemáticos do Brasil de incêndio em carro envolveu o Fiat Tipo, nos anos 90. A mangueira de fluído do sistema da direção hidráulica ficava muito perto do motor. Com o aumento da temperatura, o tubo se rompia e o vazamento do líquido podia dar início ao incêndio.

 

Houve tantos casos que os consumidores prejudicados criaram a Associação de Consumidores de Automóveis e Vítimas de Incêndio do Tipo (Avitipo), que entrou na Justiça em 1996 com uma ação civil pública no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).

 

Em março de 2019, após 23 anos, a Justiça finalmente deu ganho de causa aos donos de Tipo incendiados, e eles foram indenizados. Antes disso, a Fiat foi multada em R$ 3 milhões pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) por demorar a fazer o recall dos modelos, que só ocorreu em 2010 e envolveu 155 mil carros. (O Estado de S. Paulo/Diego Ortiz e Cleide Silva)