O Estado de S. Paulo
Em tempos de orçamentos apertados e de crise econômica, a inteligência artificial está virando uma ferramenta de convencimento de clientes sobre a viabilidade de determinadas ideias criativas. “A evolução tecnológica dá segurança, pois os dados ajudam a mostrar certas demandas do consumidor de forma mais clara”, diz Luiz Sanches, presidente da AlmapBBDO.
Detentora da conta da montadora Volkswagen no Brasil há 60 anos, a Almap se viu recentemente diante de um novo desafio: na esteira da conta de US$ 10 bilhões que pagou pelo escândalo das fraudes emissões de veículos movidos a diesel, a gigante alemã teve de se comprometer a investir mais em tecnologias como carros elétricos e autônomos. Logo, os pedidos às agências de publicidade também se transformaram: saíram a exaltação dos aspectos de motor e conforto dos veículos e ganharam holofotes os atributos tecnológicos.
Foi a partir desse desafio que a Almap criou soluções como o manual cognitivo: tirou os livretos de instruções dos carros da marca dos porta-luvas e transferiu as informações para o celular do cliente, com auxílio da inteligência artificial. Sanches afirma que a empresa identificou, ao analisar as interações de seus consumidores, que todo mundo detestava o manual analógico e tinha dificuldade de encontrar informações em momentos de necessidade.
Com o uso da inteligência artificial, o cliente da Volkswagen passou a poder ditar para o smartphone ou tirar uma foto do painel do veículo para identificar a origem do problema rapidamente. A solução, que começou nos veículos de “topo de linha” da companhia no Brasil, deve “descer” para os modelos mais simples em breve. Criada no Brasil, a ferramenta deverá ser exportada a outras regiões.
Além de ajudar na busca de soluções como o manual cognitivo, esse foco na tecnologia – e nos atributos que a inovação pode adicionar aos automóveis – também passou a orientar a criação de campanhas tradicionais, de alto apelo emocional. Um desses exemplos é o filme que conta a história de uma mulher “renascida” dentro de um Volkswagen. O roteiro mostra uma menina que veio à luz em uma Kombi, há 40 anos, e hoje se tornou médica. Cansada, ao dirigir para casa após um dia de trabalho, ela quase adormece no volante – sendo acordada por uma tecnologia que detecta quando o motorista perde a atenção.
Graça
A inteligência artificial também é usada para viabilizar ideias criativas “fofas”. Em uma campanha recente para a rede Petz, a Ogilvy criou o Pet Commerce – por meio de reconhecimento facial, o site da empresa é capaz de identificar os produtos que cães mais gostam. “A tecnologia permite experiências mais fáceis e divertidas, que antes não eram possíveis”, diz Félix Del Valle, vice-presidente de criação da Ogilvy Brasil. (O Estado de S. Paulo)