Notícias Automotivas/Financial Times
A pressão ambiental na União Europeia tem criado um cenário inusitado no setor automotivo. O chamado “pool aberto” é uma forma legal de agrupamentos de vendas de veículos entre fabricantes independentes para somar os níveis de emissão e assim atender os limites exigidos pelo bloco europeu.
Como demorou demais para reagir diante de carros elétricos e híbridos, a Fiat Chrysler Automobiles agora vai pagar a conta. Não para os regulares europeus, mas para a Tesla. É que a FCA fechou um acordo com o fabricantes de veículos da Califórnia para incluir as vendas de seus carros na frota de Jeep, Fiat, Lancia, Alfa Romeo, Maserati, Ferrari, etc.
Nesse pool aberto liderado pela Tesla, a FCA deverá pagar centenas de milhões de euros para a empresa de Elon Musk, a fim de evitar pesadas multas, que podem chegar a € 2 bilhões, segundo analistas da consultoria Jefferies, que calculam esse valor para o ano de 2021, quando regras mais rígidas de emissão passarão a vigorar na Europa.
Nesse momento, o limite médio de emissão por fabricante será de 95 g/km de CO2. De acordo com a Jato Dynamics, em 2018, as montadoras da União Europeia somaram média de 120,5 g/km de CO2. Já a PA Consulting, estima que a FCA terá média de 6,7 g/km acima do limite e isso seria a maior diferença entre 13 fabricantes analisados.
Com este pool aberto entre FCA e Tesla, a primeira cumprirá as metas de emissão e a segunda lucrará com créditos de carbono em mais um acordo do tipo. No ano passado, a empresa de Fremont lucrou US$ 103,4 milhões dessa forma, mas foi um volume baixo em comparação com 2017, quando embolsou US$ 279,7 milhões, “emprestando” as vendas de seus carros elétricos.
O pool aberto está previsto na legislação ambiental europeia, mas é pouco utilizado entre fabricantes rivais. Toyota e Mazda já praticam isso, mas a primeira tem 5% das ações da segunda. A VW usa Seat e Skoda para compensar emissões de Audi e Porsche, por exemplo, mas são do mesmo grupo. Não se sabe se houve compra ou troca de ações entre FCA e Tesla. (Notícias Automotivas/Financial Times/Ricardo de Oliveira)