Califórnia vai banir ônibus de combustão interna até 2040

MeioBit/AP News, Autoblog

 

O governo da Califórnia decretou a morte de sua frota de ônibus movidos a suco de dinossauro: o Conselho de Recursos Aéreos decidiu, de forma unânime que até 2040, todos os coletivos do estado sejam livres de emissões, sem choro nem vela.

 

É de conhecimento público que a Califórnia é um dos mais progressistas entre os 50 estados norte-americanos, e ele estuda banir completamente todos os veículos a combustão. Assim como ocorre na Noruega, o custo energético para renovar toda a frota seria altíssimo para os cofres públicos e para o consumidor, sem falar que muitas montadoras não gostariam nem um pouco. Claro, ele seria bem mais vantajoso dada a população de 39,54 milhões (dados de 2017).

 

Sem contar que como a Noruega, a Califórnia é um grande produtor de petróleo e gás natural. Ser amigo do planeta é bom para a imagem, mas não tanto para os negócios.

 

Investir em ônibus totalmente verdes pode ser algo bem mais vantajoso, mas para isso o investimento deve ser bem maior. Hoje, a frota estadual livre de emissões consiste em 153 veículos de um total de 12 mil, apenas 1,28% do total. Isso dá uma média de um ônibus para cada 3.295 habitantes, e não surpreende por que a Califórnia quer tanto banir carros movidos a combustão.

 

A título de comparação, a cidade de São Paulo possui pouco mais de 14 mil ônibus; desses, 20 são movidos a etanol, 201 são os bons e velhos Trólebus e apenas UM usa baterias (dados de julho/2018). Todos os demais, 98% da frota são movidos a diesel. Pode parecer pouco, e é, mas com 12,11 milhões de habitantes (dados de 2018), temos uma média de um ônibus para cada 865 habitantes.

 

Assim, o conselho do estado entende que começar a eliminar os veículos fósseis pela frota de transporte público é o melhor a se fazer. A partir de 2029, todos os novos ônibus adquiridos deverão ser verdes, com baterias ou utilizando a rede elétrica. Foi dado um prazo de 21 anos para que todos os veículos a combustão saiam de circulação, e as empresas licenciadas terão acesso a subsídios.

 

Agora a ironia: parte dos fundos virá do acordo feito entre o estado da Califórnia e a Volkswagen por causa do DieselGate, ainda que a montadora não fosse a única vilã da história.

 

2017: ônibus antigo avistado em Oakdale, Minessota utilizando uma estação Supercharger da Tesla para carregar a bateria

 

O interessante nessa história, é que a decisão da Califórnia pode favorecer e muito as montadoras de veículos elétricos, especialmente a Tesla. Além de já ter sido vista brincando com um ônibus antigo, supostamente customizado para utilizar as estações Supercharger, a tecnologia por trás do caminhão Tesla Semi pode muito bem ser adaptada para o transporte público.

 

Em termos gerais, os ônibus elétricos como os da BYD Motors possuem uma autonomia de aproximadamente 250 km, que é um número razoável, mas temerário para grandes distâncias ou situações de trânsito. Já um Semi possui duas versões de baterias, uma de 300 milhas (480 km) e outra de 500 milhas (804 km), cuja distância percorrida pode variar conforme a carga.

 

A montadora está projetando estações dedicadas aos Semi, chamadas Megacharger que conseguem injetar uma carga suficiente para cobrir 400 milhas (644 km) em apenas 30 minutos. Para um ônibus, esses seriam números excelentes. E com a decisão da Califórnia, não surpreenderia em nada se Elon Musk anunciar em breve em breve o primeiro busão da Tesla. (MeioBit/Ronaldo Gogoni, informações da AP News, Autoblog)