Diário do Transporte
O Governo Donald Trump divulgou recentemente um comunicado em que afirma que economizar combustível já não é mais um “imperativo econômico” para os Estados Unidos.
A informação á da agência de notícias Associated Press.
Segundo a agência, o memorando, divulgado mês passado sem alarde, foi escrito em apoio à proposta do governo do presidente Trump de flexibilizar os parâmetros de rendimento de combustíveis em carros e caminhões após 2020.
O motivo para o país não precisar se preocupar mais em economizar no consumo de petróleo deve-se ao aumento da produção norte-americana de gás natural e outras fontes alternativas ao petróleo. Segundo o memorando, isso reduz a necessidade de importação do combustível pelo país, assim como a de economizar energia. O documento é assinado pelo Departamento de Energia dos EUA.
O memorando descreve o ganho de produção na extração de petróleo por meio de um método conhecido como “fracking”, utilizado há cerca de dez anos nos EUA.
O “fracking”, ou “fratura hidráulica”, é uma prática muito utilizada por companhias de petróleo e gás para aumentar suas produções, e vem gerando bastante polêmica. Isso porque este tipo de extração agride gravemente o meio ambiente por se tratar um processo que consiste na perfuração e injeção de fluídos químicos no solo para elevar a pressão, fazendo com que haja fratura das rochas e a liberação do gás natural.
Nos fluídos usados existem cerca de 600 produtos tóxicos, incluindo agentes cancerígenos. O fluído que é usado é deixado a céu aberto para evaporar, tornando o ar contaminado e contribuindo para o surgimento de chuvas ácidas.
Pois é desta forma, agredindo o meio ambiente, que os EUA vêm acessando novas reservas de petróleo. Graças a esse tipo de ação, de acordo com o documento, o país terá “mais flexibilidade do que no passado” para usar tais reservas “com menos preocupação”.
A Associated Press afirma que com o memorando a administração Trump confronta justificativas anteriores para políticas conservacionistas.
O transporte público é a única grande fonte de emissões de gases de efeito estufa mencionada no texto, informa a agência internacional.
O presidente Trump vem se mostrando um poderoso inimigo de uma política ambiental responsável e progressista. Tão logo assumiu, em janeiro de 2017, ele cumpriu o que prometera em sua campanha eleitoral e passou a desmantelar a legislação ambiental do país.
Passados mais de 18 meses de mandato de Trump na Casa Branca, especialistas calculam o tamanho do estrago ambiental provocado por ele.
Os cientistas David Cutler e Francesca Dominici, da Universidade de Harvard, divulgaram um ensaio de análise em junho de 2018, em que examinam especificamente os impactos sobre a saúde das alterações nas políticas da Agência de Proteção Ambiental (EPA) americana a respeito de poluentes atmosféricos e produtos químicos tóxicos. Por seus cálculos, as alterações produzidas até agora poderão resultar em 80 mil mortes adicionais por razões de saúde nas próximas duas décadas.
O jornal The New York Times divulgou recentemente uma análise, baseada no Environmental Regulation Rollback Tracker (Rastreador de Reversão da Regulação Ambiental) da Escola de Direito de Harvard, que monitora o programa de desmantelamento regulatório. Até aqui o governo Trump eliminou 33 leis ambientais, e iniciou a anulação de outras 34 leis.
Trump já questionou a ocorrência das mudanças climáticas e, em linha com a indústria de combustíveis fósseis, se postou em defesa da flexibilização do que chama de regulação pesada de petróleo, gás e carvão. Nisso inclui a revogação do Plano de Energia Limpa do ex-presidente Barack Obama.
Este Plano classifica as emissões carbônicas como poluentes e assim confere à EPA poderes para regulá-las. Com a rescisão do Plano, os EUA ficarão sem nenhum instrumento para reduzir as emissões. Importante lembrar que em junho de 2017 Donald Trump comunicou formalmente que os Estados Unidos estavam saindo do Acordo de Paris, tratado assinado e ratificado por mais de 130 países com metas para reduzir poluição emitida por fábricas, veículos e desmatamento, com a finalidade de limitar o aumento da temperatura do planeta.
A Associated Press informa ainda que a indústria de petróleo e gás dos EUA tem feito campanha por mudanças nas políticas relacionadas a padrões de rendimento dos carros, a biocombustíveis e a carros elétricos.
“Em junho, o Instituto Americano de Petróleo e outras empresas enviaram documentos a oito governadores dos EUA defendendo motores de combustão interna para carros (que utilizam gasolina ou diesel) e questionando os incentivos dados por aqueles Estados a consumidores para utilizarem carros elétricos”, informa a agência. (Diário do Transporte/Alexandre Pelegi)