Brasil em Folhas
O aperto na legislação dos países ricos contra a emissão de poluentes está por trás do avanço da indústria de carros elétricos e de decisões como a da sueca Volvo, que anunciou que vai parar de fabricar veículos movidos apenas a combustível a partir de 2019. Na Europa, por exemplo, o limite para monóxido de carbono caiu 82% de 1993 a 2014 e um novo aperto está previsto a partir de 2020.
Essa redução nas emissões inviabilizará ainda mais a circulação de modelos a combustão de gerações passadas. A França passou neste mês a proibir que veículos produzidos até 1996 – portanto, mais poluentes – circulem em Paris das 8h às 20h. Ônibus e caminhões fabricados antes de 2001 também já haviam sido banidos, atitude que é repetida por outras metrópoles.
Nos EUA, o governo banca US$ 7.500 na compra de carros que não poluem. Estados como a Califórnia ainda oferecem subsídios de US$ 2.500 para carros elétricos e US$ 1.500 para veículos híbridos. Na França, a ajuda pode chegar a cerca de US$ 14 mil. Essa combinação de leis mais dura contra poluentes e incentivos para carros elétricos explica por que a decisão da Volvo (ainda que surpreendente) não seria descolada da realidade do mercado.
“Nossos clientes querem, cada vez mais, carros elétricos e híbridos – e vamos oferecê-los”, disse Hakan Samuelsson, CEO da montadora. Também nesta semana, o ministro de Meio Ambiente da França, Nicolas Hulot, disse que carros movidos a gasolina ou diesel não serão mais vendidos naquele país a partir de 2040. Na Alemanha, isso vai ocorrer ainda antes, em 2030, segundo lei aprovada no ano passado.
Ao mesmo tempo em que as ruas ficaram menos tolerantes com a fumaça, houve forte investimento no desenvolvimento de baterias de íon de lítio para veículos, que ficaram mais baratas e potentes.
O custo delas, que representa até 50% do valor do carro elétrico, caiu a menos da metade em uma década.
“Esperamos que em 2030 o preço do kwh gerado pelas baterias caia para US$ 120, cerca de um terço do que é hoje”, diz Colin Mckerracher, da consultoria Bloomberg New Energy Finance.
Além disso, com a expectativa de um mercado de milhões de veículos elétricos a caminho, há novas tecnologias de recarga emergindo.
Na França, a Qualcomm testa uma estrada capaz de recarregar veículos em alta velocidade, por indução. “A vantagem desse sistema é permitir que os elétricos tenham baterias menores, sem comprometer a autonomia”, diz Bill Von Novak, engenheiro-chefe da Qualcomm.
O avanço dos carros elétricos, que hoje representam cerca de 1% das vendas globais, representa a maior guinada tecnológica no setor desde 1912. Naquele ano foi produzido o primeiro Cadillac Modelo 30, com um sistema de partida elétrica, aposentando as manivelas dos primeiros calhambeques e tornando veículos com motores a combustão protagonistas pelos 105 anos seguintes.
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Ainda 2017, a Nissan estreará a segunda geração do Leaf, movido a baterias, com cerca de 400 quilômetros de autonomia, contra 160 quilômetros em 2010.
Nas próximas semanas, também chegam ao mercado o Chevrolet Bolt, um hatchback elétrico e uma autonomia similar, e o Modelo 3, da Tesla, que custará US$ 35 mil.
Só para comparar, em 2003, o Tesla Roadster, primeiro modelo elétrico de série da marca, custava cerca de US$ 120 mil.
A Bloomberg estima que, em cinco anos, as montadoras globais tenham algo como 120 veículos elétricos à venda. (Brasil em Folhas)