O Brasil Sobre Rodas
“O Simpósio de Eficiência Energética, Emissões e Combustíveis sob o tema ´Inovação, Sustentabilidade e Impactos na Sociedade´ é de vital importância no cenário da indústria automotiva, diante das legislações atuais do Proconve, do Promot e com o novo Programa Rota 2030 em substituição ao Inovar-Auto. A Associação Brasileira de Engenharia Automotiva contribuiu em muito para a evolução do setor e, principalmente com as montadoras no cumprimento dos limites de emissões”, disse Edson Orikassa, presidente da AEA em cerimônia de abertura do evento promovido pela entidade na última semana.
Com recorde de púbico, cerca de 260 participantes, o simpósio transformou o Milenium Centro de Convenções, em São Paulo (SP), em palco de um amplo debate e apresentações de extrema relevância a ser discutida para os avanços da indústria automotiva, a iniciar pela palestra de abertura, promovida pelo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Mahle, Ricardo Abreu. Diante de grandes e importantes programas brasileiros existentes que desafiam o setor, como COP21, Proconve, Promot e RenovaBio, como encarar as ações e medidas em todas estas frentes de forma integrada?
Na visão do diretor, o avanço será no que diz respeito à eletrificação, o motor à gasolina irá avançar com a grande maioria de seus periféricos migrando para a tecnologia elétrica; no entanto, o combustível que vai promover modificações por apresentar respostas mais eficientes em termos de sustentabilidade é o etanol. “O etanol de alta octanagem de 98,4% m/m melhora a relação em km/l, a autonomia do veículo, a partida a frio e ainda facilita o uso de tecnologias mais modernas dos motores. O uso deste combustível ainda reduz a quantidade de material particulado e trata-se de uma ponte para se chegar a mobilidade cada vez mais limpa”, afirma Abreu.
O uso do etanol como tendência à solução limpa da mobilidade também foi confirmada pelo palestrante Felipe Machado, supervisor de Engenharia da Cummins em apresentação “Desafiando as métricas da eficiência: o balanço entre soluções disruptivas e aperfeiçoamento das existentes”. A fabricante de motores Diesel lançou recentemente nos EUA um protótipo do motor IFS 2.8 movido a etanol que alcançou, segundo Machado, resultados bastante expressivos, como 50% a menos de emissão de CO2.
A função do Programa de Inspeção Veicular e como ela se integra e contribui com as faces do Proconve foi debatida em palestra “Monitoramento e inspeção de veículos em uso: um complemento indispensável à garantia de conformidade com o Proconve”, por Gabriel Branco, sócio-diretor da Environmentality, por meio de quatro temas principais: funções do I/M no contexto do Proconve, eletrônica para fraudar também serve para rastrear os problemas, eletrônica para fiscalizar em tráfego: sensoriamento remoto e Eletrônica e ensaios com equipamentos a bordo.
O gerente do Setor de Avaliação de Emissões Veiculares da Cetesb, Marcelo Bales, marcou presença no simpósio da AEA com apresentação “Fatores de Emissão de Poluentes dos Veículos Novos: Abordagem Corporativa”, assim como o vice-presidente da Anfavea, Henry Joseph Junior, responsável por ministrar a apresentação “O impacto do Inovar-Auto na indústria automotiva”.
O programa implementado no mercado brasileiro em 2012 nasceu com a visão de melhoria da competitividade dos veículos para o mercado interno e de exportação, de importância fundamental para definição do papel do setor como produtor de veículos. De acordo com o vice-presidente, “como resultados na ampliação da modernização do parque automotivo, tivemos um aumento das unidades industriais de 57 em 2012 para 67 unidades industriais este ano e um aumento capacidade produtiva para 5 milhões de veículos por ano, contra 3,8 milhões na época da inicialização do programa”.
“Tivemos investimentos de 15 bilhões de reais em Pesquisa&Desenvolvimento e Engenharia que possibilitaram um grande salto tecnológico em todo o setor, além de centros completos de desenvolvimento tecnológico, investimento em novos materiais, matrizes energéticas e novos laboratórios. Em média, com o Inovar, as empresas tiveram que melhorar pelo menos 12% da eficiência energética dos veículos licenciados. E como exemplo das evoluções, podemos citar os motores menores, turbocompressores, injeção direta, pneus verdes, blocos de alumínio, star stop e avanços no etanol”, disse Joseph Junior.
Em palestra “Real Drive Emissions”, Marco Schöggl, gerente de Desenvolvimento de Negócios da AVL, reforçou sobre os avanços obtidos com o progresso do Euro III para o Euro V, de 87% de redução na emissão do NOx. Na oportunidade, Schöggl também comentou sobre o próximo Regulamento de Emissões (EU6d) que implementará as Emissões de Condução Real como um requisito de aprovação adicional entre 2017-2020 que visa adicionar a estrada como um ambiente para testes e certificação de emissões.
“Benefícios do uso de aditivo para aumento de performance de diesel” foi o conteúdo da apresentação ministrada por Luis Fernando Sabino, especialista em Aditivos de Combustíveis da BASF que na ocasião demostrou a eficácia dos produtos para a recuperação da performance do motor por meio de testes de campo. O presidente do Subcomitê de Combustível e Lubrificante da JAMA também contribuiu com sua participação ao apresentar palestra “Correlação do Teor de Etanol da gasolina e a emissão de material particulado”.
O futuro dos combustíveis e motores – Temática do Painel promovido pela AEA durante a 3ª edição do Simpósio de Eficiência Energética, Emissões e Combustíveis, contou com a participação Alfred Szwarc, assessor da Presidência da Única, Frederico Kremer, gerente de Soluções Comerciais e Desenvolvimento de Produtos da Petrobrás, Fabio Ferreira, diretor de Negócios da Robert Bosch, além da mediação do debate por Sérgio Viscardi, diretor da SLV Consultoria.
Para Szwarc, sem o etanol o Brasil seria ou será apenas importador de tecnologias automotivas. “O etanol oferece alto desempenho e baixo impacto ambiental. Temos ainda o crescimento do interesse internacional pelo combustível como alternativa de aplicação imediata para a descarbonização dos combustíveis automotivos, com 64 países que já usam o etanol regularmente ou tem metas para o seu uso. As políticas públicas devem promover a eficiência energética e a crescente inserção do etanol na matriz energética”, disse o assessor.
Em cenário do mercado de combustíveis brasileiro, Kremer informou que atualmente contamos com 18 refinarias de petróleo e 383 usinas de etanol. Na visão do gerente, cada país terá seu próprio quebra cabeça no futuro dos combustíveis. No entanto, de acordo com ele, é possível afirmar que o impacto do veículo elétrico para o segmento do petróleo não será relevante, o que deve girar em torno de 10%, já que contamos com mercados como o marítimo, por exemplo.
A evolução da mobilidade global, segundo Ferreira, no segmento dos elétricos contará com novos OEMs e consumidores, já em veículos leves, a tendência seguirá de forma estável com relevância crescente para os híbridos. Já os veículos comercias, no que diz respeito ao progresso na visão do diretor, crescerá com o domínio do Diesel e demanda por tecnologias alternativas. “No caminho da eletrificação, o custo será mais acessível para a implementação, o que permitirá o desenvolvimento de funções de software acelerando a eficiência energética. E quando abordamos a temática etanol, tendência de plataforma mundial, teremos a valorização do combustível e a alta octanagem”, informou o diretor.
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