O Brasil Sobre Rodas
A Itaipu repassa na próxima segunda-feira (05), em Brasília (DF), um veículo elétrico e dois eletropostos, em regime de comodato, para o Ministério de Minas e Energia (MME). O Renault Fluence, de cor preta, será usado como carro oficial pelo Poder Executivo. A cerimônia de entrega será feita no auditório do edifício sede do MME, às 9h30. A solenidade contará com a participação do ministro do MME, Fernando Coelho Filho, do presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira, e do diretor-geral da Itaipu Binacional, Luiz Fernando Vianna.
Com a nova entrega, chega a três a quantidade de veículos elétricos entregues pela Itaipu para um órgão do setor elétrico, em Brasília, também em regime de comodato, em menos de dois meses. Há pouco mais de 40 dias, Vianna entregou na sede da Eletrobras, na capital federal, para o presidente da holding, Wilson Ferreira Júnior, um Zoe e um Fluence elétricos. Outros dois eletropostos também foram cedidos na ocasião. De acordo com o diretor-geral brasileiro da Itaipu, o VE dá protagonismo à empresa na área de mobilidade elétrica. “É uma forma de dar nossa contribuição ambiental para a sociedade. O repasse ajuda a incentivar e divulgar a tecnologia do VE”, disse Vianna.
Itaipu mantém, atualmente, doze veículos elétricos cedidos, contando o automóvel que será entregue para o MME. Os demais estão na Eletrobras, Copel, Exército, ONU Mulher, Universidade Federal de Santa Catarina e governo do Paraguai. Na frota própria, Itaipu mantém 100 veículos elétricos, de carros de passeio até avião. Além de não poluir o ambiente, um detalhe chama a atenção do condutor: o silêncio. O motor elétrico não produz ruído.
Mobilidade elétrica
Em dez anos de existência, os veículos elétricos de Itaipu rodaram 836 mil km e evitaram a emissão de 87 toneladas de CO2. Para neutralizar estas emissões, só para efeitos de comparação, seria necessário o plantio de 498 árvores. A eficiência energética é outro aspecto positivo. É de 90% para carro elétrico, contra 37% dos veículos movidos a gasolina. O custo da energia é de 1/5, em comparação ao combustível.
Na Itaipu, os dez anos do Programa VE resultaram em uma economia de R$ 240 mil – considerando que a própria empresa produz a energia que abastece os carros (se a energia fosse comprada, a economia seria de R$ 110 mil). Em todo o Brasil, a economia seria da ordem de R$ 100 bilhões ao ano.
Veículo Elétrico
O Programa Veículo Elétrico (VE) é resultado da parceria entre Itaipu Binacional, uma das maiores geradoras de energia limpa e renovável do Planeta, e a KWO – Kraftwerke Oberhasli AG, que controla usinas hidrelétricas na região dos Alpes, na Suíça. O acordo foi formalizado em maio de 2006, com a assinatura do convênio 8226/2006. Com o tempo, outras parceiras foram incorporadas ao programa, como a Fiat, a Renault, BMW, Iveco e Agrale.
O objetivo é pesquisar soluções de mobilidade elétrica que sejam técnica e economicamente viáveis e que possam minimizar o impacto ambiental das fontes sujas de energia, como os combustíveis fósseis.
Para permitir pesquisas sobre o impacto dos veículos na rede elétrica, o Programa VE também incorporou à frota modelos que já são produzidos em série pela indústria. Entre eles, o compacto 500e, da parceira Fiat, e modelos da Renault, outra parceira do programa: os compactos Twizy e Zoe e o sedã Fluence ZE.
Em 2014, o Programa VE iniciou – em um galpão anexo ao CPDM-VE –, a montagem de 32 modelos Renault Twizy. O objetivo desta ação é viabilizar estudos para a elevação gradual do índice de nacionalização dos componentes usados nos veículos elétricos, além de preparar fornecedores de peças no Brasil e no Paraguai.
A última parceira a entrar no programa, em 2015, foi a montadora alemã BMW, que produz os modelos elétricos i3. Esses modelos também serão utilizados para os estudos de impacto do veículo à rede elétrica.
Ônibus e caminhão elétricos
Além do transporte individual, o Projeto VE busca soluções para transporte de carga e de passageiros. Surgiu dessa preocupação o primeiro caminhão elétrico da América Latina, em parceria com a Iveco – braço da Fiat para veículos pesados. Lançado em agosto de 2009, o Iveco Daily Elétrico cabine dupla ganhou o Prêmio Destaque Tecnológico no congresso da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE).
Na sequência, o Programa VE desenvolveu o primeiro ônibus 100% elétrico do País e o primeiro ônibus híbrido, movido a eletricidade e a etanol. A estreia do veículo híbrido foi durante a Cúpula de Presidentes do Mercosul, em Foz do Iguaçu, em dezembro de 2010.
O avião elétrico
Em junho de 2015, Itaipu e a empresa ACS Aviation, de São José dos Campos (SP), colocaram no ar o primeiro avião elétrico tripulado da América Latina. O voo histórico ocorreu na pista do aeroporto da binacional, na margem paraguaia da usina.
O interesse do Programa VE neste setor é aprofundar os estudos sobre materiais compostos utilizados nas aeronaves, considerados fundamentais para a redução de peso dos veículos elétricos. Quanto menor o peso, menor a autonomia.
Baterias
O alto custo das baterias é considerado uma das principais barreiras à popularização dos veículos elétricos. Para superar essa dificuldade, o Projeto VE obteve recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. A gestora do financiamento é a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI).
O objetivo da ação é nacionalizar a tecnologia aplicada ao produto. As baterias Zebra, que alimentam os protótipos Palio Weekend, são importadas da Suíça. Totalmente recicláveis, as baterias são feitas à base de sódio, níquel e cádmio.
Outra linha de pesquisa do Programa VE é o Sistema Inteligente de Armazenamento de Energia (IESS, na sigla em inglês), que pretende viabilizar o fornecimento de energia elétrica para comunidades isoladas – como as faixas de fronteira na região Norte do País.
A solução do IESS alia fontes limpas, gratuitas e abundantes do País (energia solar e eólica) a um sofisticado sistema de armazenamento, com baterias de sódio 100% recicláveis.
Parceria com o Exército brasileiro vai permitir a instalação de uma versão industrial do IESS em um Pelotão Especial de Fronteira (PEF) no Estado do Pará.
Em 2014, as ações de Itaipu no segmento entraram em uma nova fase, com o lançamento do Programa de Mobilidade Elétrica Inteligente (Mob-i), em parceria com o Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel (Ceiia), de Portugal.
O novo programa atende a uma transição prevista por Itaipu quando começou a pesquisar as novas tecnologias de mobilidade: sair dos laboratórios, ganhar as ruas, conquistar consumidores e, no futuro, ocupar as linhas de produção da indústria nacional.
O Mob-i contempla sistemas de gestão de energia para abastecimento, gestão de frota e compartilhamento de veículos elétricos, tendo como base a plataforma Mobi.me, aplicativo desenvolvido pela Ceiia.
Com o sistema, é possível monitorar – em tempo real – o deslocamento dos veículos elétricos, gerando indicadores como a energia elétrica consumida e a quantidade de dióxido de carbono que deixou de ser lançada na atmosfera.
O Mob-i mantém um centro de operações no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu, e três projetos-piloto: o Curitiba Ecoelétrico, na capital paranaense, o Brasília Ecomóvel e o Mob-i ONU, os dois últimos desenvolvidos na capital federal.
Somente no primeiro ano de operação, o Curitiba Ecoelétrico deixou de lançar na atmosfera mais de 6,6 toneladas de CO2, além de economizar mais de 5,2 mil litros de combustível. A experiência da capital paranaense poderá ser replicada em outros grandes centros urbanos do Brasil e do exterior.
Compartilhamento
No final de 2016, a Itaipu Binacional e o Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em parceria com o Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel (Ceiia), de Portugal, inauguraram o Sistema de Compartilhamento Inteligente (SCI), para compartilhamento de veículos elétricos.
O projeto é piloto e vai atender, nesta primeira fase, apenas colaboradores de Itaipu e PTI que necessitem fazer deslocamentos dentro da margem brasileira da usina. Toda a operação do sistema será feita a partir de um aplicativo (o Mob-i) que o usuário deverá baixar no smartphone.
Inicialmente, serão empregados no projeto dez veículos elétricos modelo Twizy, da Renault, e quatro pontos de mobilidade inteligente (PMI), que são as estações para retirada e devolução dos carros. A ideia, no futuro, é ampliar o sistema para toda a frota de Itaipu. (O Brasil Sobre Rodas)