União Europeia prepara nova lista de retaliação a produtos dos EUA

O Estado de S. Paulo

 

A comissária para o Comércio da União Europeia (UE), Cecilia Malmstrom, disse que o bloco europeu está preparando uma lista de produtos americanos que podem ser sobretaxados caso os Estados Unidos imponham tarifas sobre automóveis e autopeças europeus. No entanto, Cecília espera que uma missão da UE, que viajará a Washington no dia 25 de julho com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, alivie as disputas comerciais transatlânticas.

 

O objetivo da viagem, segundo a comissária, é manter conversas centradas no comércio com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

 

No dia 1.º de junho, entrou em vigor a sobretaxa imposta pelo governo americano às importações de aço da UE, México e Canadá, alguns dos principais aliados dos americanos. Na quarta-feira, por sua vez, a UE anunciou medidas de salvaguarda provisórias sobre as importações de aço para evitar que o produto de outros países siga para o mercado do bloco, como resultado das tarifas americanas.

 

Agora, em mais um capítulo da chamada guerra comercial, o governo Trump ameaça estender as, mas tarifas impostas para o alumínio e o aço para carros e autopeças do bloco europeu.

 

Cecilia disse que a indústria automobilística dos EUA é saudável e que ninguém envolvido no setor pediu tarifas. “Estamos preparando com nossos Estados-membros uma lista de medidas de reequilíbrio também. Deixamos isso bem claro para nossos parceiros americanos”, disse Cecilia em uma conferência organizada, em Bruxelas, pelo German Marshall Fund dos Estados Unidos.

 

Críticas

 

A administração Trump está recebendo muitas críticas de fabricantes de automóveis e governos estrangeiros por considerarem a imposição de tarifas de até 25% em carros e peças importadas, em meio a preocupações de que a medida aumentaria os preços dos veículos e prejudicaria as vendas e os empregos no setor.

 

O governo abriu uma investigação em maio sobre se os carros e peças importadas representavam um risco à segurança nacional dos EUA e realizou uma audiência sobre o inquérito ontem, coletando o testemunho de grupos comerciais do setor automobilístico, governos estrangeiros e outros.

 

O secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, disse na audiência que é “muito cedo” para dizer se Trump imporia as tarifas. Ele disse que a audiência visava a determinar “se a ação do governo é necessária para garantir a viabilidade da produção doméstica dos EUA”.

 

Um grupo representando grandes montadoras de carros disse ao Departamento de Comércio que a imposição de tarifas sobre carros e peças importados aumentaria o preço de veículos nos EUA em US$ 83 bilhões por ano e custaria centenas de milhares de empregos.

 

A comissária europeia enfatizou que “não há vencedores” em uma guerra comercial, além de advertir que tarifas dos Estados Unidos sobre carros europeus seriam “um desastre”.

 

Cecilia comentou ainda que tentou persuadir os americanos, sem sucesso, de que a Europa não é a fonte do problema relacionado à decisão do governo Trump de impor tarifas às importações de aço e alumínio. “Pelo menos em aço e alumínio, o mundo enfrenta inegavelmente desafios como resultado. (O Estado de S. Paulo)