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Guitarrista Ângelo Primon. Imagem: Marcos Massa

O Salão de Atos da Ufrgs ficou pequeno para tantos fãs do rock and roll quando aconteceu o Concertos Dana – Clássicos do Rock. No público, pessoas de 8 a 80 anos, uma prova de que o amor à música não tem limites.

Uma noite de semicatarse coletiva, com o comportamento reverencial e apaixonado da platéia em relação às músicas interpretadas pela orquestra e por seus convidados.

Lá fora, duas filas enormes, uma dos que já tinham ingressos e a outra dos que não conseguiam conter a frustração por encontrar avisos de que os ingressos já estavam esgotados. Os 1.300 lugares ocupados mostravam o tamanho do sucesso, e a noite mal começava. Havia um clima informal instaurado, talvez pelo público ser formado por grupos tão heterogêneos, reforçando a universalidade do rock. Famílias, jovens, grupos de cabeludos, diversas camisetas pretas, camisetas de bandas de rock, jaquetas de couro, idosos: um belo exemplo de diversidade e da união promovida pelos Concertos.

Os convidados Nei Lisboa, Pedro Verissimo, Adriana Deffenti e Chico Padilha foram a cereja no topo de uma homenagem ao rock. No repertório, canções dos Beatles, Stones, Led Zeppelin, Rush e Pink Floyd, entre outros.

Logo de cara, uma prova de que a noite seria diferente. O maestro Tiago Flores entrou caracterizado apropriadamente para um show de rock: maquiagem pesada deu um toque irreverente e informal ao espetáculo, uma das várias surpresas agradáveis que a noite prometia.

Os músicos da Orquestra trajavam calça jeans e camiseta. Ao levantar da batuta, os aplausos tomaram conta da Reitoria da Ufrgs, acompanhados por assobios ensurdecedores – como num show de rock.

“Only you” e “Blue Suede Shoes”, emendadas, iniciaram o Concerto com um tom de nostalgia e sonho. A terceira música foi Kashmir, do Led Zeppelin, que já nasceu para ser tocada por uma orquestra, e fez os fãs da banda inglesa gritarem em aprovação à escolha. Nei Lisboa foi o primeiro vocalista da noite em “Ruby Tuesday”, dos Stones.

Durante “Aqualung”, do Jethro Tull, era possível ver muitas cabeças balançando, levadas pela melodia bem marcada e pela flauta de Pedrinho Figueiredo que, mesmo fiel à composição de Ian Anderson, ganhou toques pessoais muito especiais. “Tom Sawyer”, do Rush, foi devidamente cantada no adequado tom agudo por Chico Padilha e foi devidamente saudada pelo público ao final. “Magnun Opus”, uma longa suíte do Kansas, representou com maestria o rock progressivo.

Nei Lisboa voltou com “For no one”, dos Beatles, uma bela música pouco conhecida do quarteto de Liverpool. Na seqüência, a epifania metálica de “Nothing Else Matters”, do Metallica. À ela, emendaram-se alguns acordes de “Mother”, do Pink Floyd, e “Another Brick in the wall – Part II”, desta vez tocada somente pela orquestra.

Adriana Deffenti entra, canta e dança “Jardins da Babilônia”, de Rita Lee, que ganhou muito com a interpretação rica e bastante pessoal. “Sabbath Bloody Sabbath”, clássico do Black Sabbath, também foi ornada pela flauta de Pedrinho Figueiredo. Pedro Verissimo cantou magistralmente “One”, do U2, um ato de coragem devidamente reconhecido pelo público.

“Smoke on the water”, do Deep Purple, foi finalizado com uma performance apoteótica e teatral do maestro Tiago Flores que destruiu uma réplica de guitarra, presenteada por sua família.

No final da apresentação, depois do bis surpresa de “Another brick in the wall – Part II” cantada a quatro vozes pelos artistas convidados, a Orquestra de Câmara da Ulbra foi aplaudida em pé pelo público, de alma lavada.

Missão cumprida? Ainda não. A repercussão deste concerto foi tão grande, que o espetáculo ganhou um bis mais do que especial: no dia 22 de julho, no mesmo palco do Salão de Atos da Ufrgs, o espetáculo foi novamente apresentado. E foi novamente ovacionado pelo público. Sucesso em dobro. Bravo, maestro!