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Bom-humor e leveza: marcas de Claudia. Imagem: Letícia Romião

Claudia Tajes nasceu em Porto Alegre em 1963, e conta que renasceu no ano de 2000, quando estreou na literatura. Antes de tornar-se escritora, era uma redatora publicitária. Ela sempre escreveu profissionalmente, trabalhou em diversas agências, criou textos de todo tipo, e costuma dizer que, nessa época, era quase feliz. Sentia falta de criar histórias e personagens.

A partir da sua estréia literária, Claudia Tajes começou a ficar mais inteira, mais plena, mais inquieta e ao mesmo tempo mais serena. Ela passou a ver graça nos amores errados e nos desencontros do cotidiano, tema que percorre os seus livros “Dez Quase Amores” (2000), “As Pernas de Úrsula” (2001), “Dores, Amores & Assemelhados” (2002), “Vida Dura” (2003), “A Vida Sexual da Mulher Feia” (2005) e “Louca por Homem” (2007).

Quais são seus autores favoritos? Conte um livro que marcou a sua vida e porquê.

Favoritíssimos: Philip Roth, Paul Auster, Gabriel García Márquez, Nelson Rodrigues, Rubem Fonseca. Dois livros que marcaram a minha vida: “O Apanhador no Campo de Centeio”, de J. D. Salinger, e “Contos”, de Guy de Maupassant. Ainda meio criança na época em que os li (e reli, reli, reli), foram verdadeiras revelações sobre o mundo para mim.

Em geral, como funciona o seu processo de criação? De onde você tira as idéias pros seus livros?

Eu escrevo sempre de noite e nos finais de semana, já que durante o dia trabalho em uma agência de propaganda. Não tenho um processo organizado, apenas necessidade de escrever as minhas coisas e deixar para trás os assuntos do dia – em uma atividade em que eles nem sempre são dos mais nobres, como se sabe. Minhas idéias são muito simples e estão todas na vida. É só olhar em volta!

A publicidade tem sido um campo fértil para o surgimento de novos autores. Em que te facilita, ou não, ser publicitária?

Facilita na concisão do texto, na forma econômica de escrever e também, acho, na busca dos temas mais pop. Dificulta por essas mesmas coisas. Tenho a impressão de que um autor que vem da propaganda é sempre visto com desconfiança pela maior parte da crítica.

Capa de "Louca por homem". Imagem: Reprodução
Capa de “Louca por homem”.
Imagem: Reprodução

Como tem sido a participação no Sarau Elétrico?

Um grande prazer, um enorme divertimento e uma aula de cultura e bom-humor a cada terça. Tive realmente muita sorte em ser convidada pela Katia Suman e pelos professores Luis Augusto Fischer e Cláudio Moreno para completar o quarteto com eles. Mas ainda preciso melhorar muito para ficar boa lá!

Seus livros são marcados pelo humor, mesmo na maior das desgraças. De onde veio esse teu humor? Não acontecem problemas de interpretação por parte dos leitores?

Olha, embora nem sempre dê certo, eu tento não levar minhas próprias ‘desgraceiras’ a sério por mais tempo do que o necessário. Passado o choque, acho que volto menos pior das trevas. O que eu escrevo é meio reflexo dessa forma de ver as minhas desgraças pessoais. O humor, com certeza, salva. E sobre alguma possível má interpretação dos leitores, os retornos que eu tenho são, geralmente, de pessoas que se identificaram com a leitura. Claro que não é todo mundo que gosta, mas é difícil alguém me escrever detonando um livro meu ou eu mesma. Não disse que tenho sorte?

Você começou a escrever em 2000…. Quando surgiu a idéia de lançar um livro? E o que mudou de 2000 pra cá, nos teus métodos de produção literária?

Comecei a escrever porque eu estava em uma fase de tristeza completa, desiludida com a minha carreira de redatora publicitária e down na vida também. Escrever recuperou minha auto-estima e me ajudou a superar as frustrações com a propaganda, onde o redator escreve cada vez menos e do jeito mais comum possível. De 2000 para cá, o que mudou foi que não tenho mais a ansiedade de escrever e publicar todos os anos. Minhas histórias podiam ter ficado melhores se não fosse a minha pressa de compensar o tempo perdido lançando um livro atrás do outro.

Seus livros já foram publicados na Itália e em Portugual… Como surgiram essas propostas? E a aceitação dos leitores de lá, têm sido boa?

Nos dois países as oportunidades surgiram através da minha maravilhosa agente, a Lucia Riff, que apresenta o trabalho dos autores representados por ela em eventos internacionais importantes como a Feira do Livro de Frankfourt, por exemplo. Nao tenho muito notícias sobre a aceitação dos livros em Portugal, mas na Itália está sendo bacana. Dei um monte de entrevistas para jornais e revistas no lançamento de La Vitta Sensuale della Donna Brutta!

Qual a importância das outras artes para a nossa profissão? O cinema e a música te influenciam?

Acho que tudo tem que influenciar a gente. Quem se alimenta só de propaganda não sabe o tempo que perde na vida. Qualquer tipo de arte deixa a vida, e a gente, muito melhores.

Quais são seus próximos projetos literários? Você está escrevendo algo agora?

Dentro do meu novo espírito zen de não apressar as coisas para não fazer porcaria, estou mal e mal cozinhando algum arremedo de idéia para um livro, mas sem muitas certezas. Nesse momento termino uma peça que me foi encomendada por uma atriz carioca e que se chama Só as baratas e as mulheres sobreviverão (a peça, não a atriz). E também estou roteirizando meu último livro, Louca por Homem, para um projeto de TV.

Veja mais: Blog de Cláudia Tajes