Construção civil, veículos e energia devem ajudar o PIB em 2018

O Estado de S. Paulo

 

Setores da economia que garantiram a reação da arrecadação em 2017, como a indústria automotiva, química, construção civil, energia e de alimentos devem puxar o crescimento da economia ao longo deste ano, segundo o Ministério do Planejamento.

 

A recuperação já começou a atingir a indústria automobilística. No ano passado, a produção do setor subiu 25,2%, depois de três anos de retração, enquanto as vendas no mercado interno subiram 9,2%, a primeira alta desde 2012. O ano de 2018 também será bom para a indústria.

 

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê que as vendas devem aumentar 11,7% neste ano no País, e a produção, 13,2%.

 

O setor de energia elétrica deve ter uma recuperação semelhante, mas um pouco inferior à projetada pelo governo. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Fonseca Leite, o consumo de energia deve registrar crescimento de 3,2% neste ano. Esse cenário considera que o PIB deve ter registrar uma elevação entre 2% e 2,5%. Mas o resultado pode ser melhor se a economia crescer mais, como esperam os analistas.

 

“Realmente tivemos um crescimento maior no consumo de energia no quarto trimestre do ano passado, impulsionado pelo consumo da indústria”, afirmou Leite. Depois de dois anos consecutivos de redução, o consumo subiu 0,8% em 2017, retomando os níveis verificados em 2015. O resultado só não foi maior, disse o executivo, porque os primeiros meses de 2017 foram mais fracos.

 

O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo, disse que as vendas de produtos químicos no mercado interno tiveram alta de 6% no ano passado, mas o maior destaque veio dos produtos importados. Enquanto a produção nacional aumentou 1,85% em 2017, as importações tiveram alta de 21% nas vendas e atingiram participação recorde de 38% no mercado interno. Para se ter uma ideia, na década de 1990, essa fatia era de apenas 7%.

 

Figueiredo, no entanto, está otimista. Segundo ele, nos últimos 25 anos, o consumo aparente de produtos químicos cresceu, em média, 25% acima do PIB. “Então, se o País crescer, nós também crescemos”, afirmou.

 

Já o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, essa recuperação econômica ainda não atingiu o setor. “Os financiamentos caíram 7% no ano passado. No último trimestre, continuamos perdendo empregos”, disse.

 

Segundo ele, o segmento de construção de edifícios, um dos destaques da arrecadação, pode ter sido registado comportamento positivo devido a características específicas da tributação, que incide de forma defasada. A maior parte dos impostos é cobrada quando o cliente quita o financiamento, e não no período de obras. “O grosso dos impostos fica para o final, e isso pode ter sido reflexo de coisas que estão terminando agora”, disse.

 

O ano de 2018 ainda é uma incógnita para o setor de construção, disse Martins. Ainda há muitas dúvidas sobre o comportamento do mercado imobiliário e do setor de infraestrutura. No segmento de obras públicas, não há nenhuma expectativa. “Eu diria que é um ano de oportunidades e incertezas”, afirmou. (O Estado de S. Paulo/Anne Warth e Adriana Fernandes)